vestimenta

A existência das vestimentas principescas e sacerdotais prova que o vestimento confere ao homem uma personalidade; que ele exprime ou manifesta um função que supera ou enobrece o indivíduo. Manifestando uma função, o vestimento representa por isso mesmo as virtudes correspondentes; certamente a roupa não muda o homem ex opere operato, mas atualiza no homem normalmente predisposto — portanto sensível aos deveres e às virtudes — tal consciência da norma e tal conformidade ao arquétipo. Não é necessário dizer que o homem só pode pôr uma vestimenta a qual tem direito a um título qualquer, seja ocasionalmente seja de maneira permanente; a usurpação é tão aviltante quanto a vaidade; e “noblesse oblige”.

Jean Hani lembra que se um provérbio francês diz que o “hábito não faz o monge”, existe um provérbio alemão que diz justamente o contrário: Kleider machen Leute, “o hábito faz a pessoa”… Todo mundo pode constatar quanto portar uma vestimenta particular modifica nosso comportamento: é que o indivíduo tende a se apagar diante da função, de maneira que é de alguma forma remodelado pelo hábito.

O vestimento em si pode representar o que vela, logo o exoterismo; mas ele se interioriza e “se esoterisa” por meio de seus elementos simbólicos, sua linguagem sacerdotal precisamente. (Frithjof Schuon)


Na China, a vestimenta dos antigos imperadores devia ser redonda no alto e quadrada embaixo. Tal vestimenta tinha, de fato, uma significação simbólica, do mesmo modo que todas as ações de sua vida, que estavam pautadas de acordo com os ritos. (Guénon)