Toda vocação se define em relação ao desígnio de Deus e constitui uma cooperação à obra da salvação. Toda vocação tem uma significação histórica e apresenta, nesse sentido, algo de único, uma tarefa própria, insubstituível, a realizar. Mas, em geral, essas tarefas próprias se situam na trama comum da história da salvação. São a inserção, num certo tempo e num dado lugar, de uma missão coletiva. Todavia, em certos momentos decisivos, em certas articulações da história, Deus suscita homens que devem inaugurar uma etapa nova. Então, a vocação assume um caráter exemplar. Assim a vocação de Abraão, que Deus chama do mundo pagão para ser a origem absoluta de um povo novo que Ele constitui para si. Assim a vocação de Moisés a quem Deus se revela na Sarça Ardente sob um nome novo que assinala uma nova idade da Revelação. Lembramo-nos do texto de Pascal: “As seis idades; os seis pais das seis idades; as seis maravilhas à entrada das seis idades; os seis orientes à entrada das seis idades” (Lafuma 283, Br. 655). (Jean Daniélou)