É importante observar que o Zodíaco de Glastonbury apresenta algumas particularidades que, do nosso ponto de vista, poderiam ser encarada como sinais de sua “autenticidade”. Em primeiro lugar, é um bom indício que o signo da Balança esteja ausente, pois a Balança celeste nem sempre foi zodiacal, mas sim, tratava-se no início de um símbolo polar; seu nome foi antes aplicado quer à Ursa Maior, quer ao conjunto da Ursa Maior e Menor, constelações cujo simbolismo se liga diretamente, por uma notável coincidência, ao nome Artur. Existem razões para se admitir que essa figura, no centro da qual o Polo está marcado por uma cabeça de serpente que se refere de modo claro ao “Dragão celeste”, deve ser atribuída a um período anterior à translação da Balança no Zodíaco. Por outro lado, o que é de particular importância considerar, o símbolo da Balança polar está relacionado ao nome Thule, dado originariamente ao centro hiperbóreo da tradição primordial, do qual o “templo estelar” que estamos tratando foi sem dúvida uma das imagens constituídas, no correr dos tempos, como centros de poderes espirituais emanados ou derivados de modo mais ou menos direto dessa mesma tradição. (Guénon)
Existe ainda a figura de um outro pássaro que é mais difícil de interpretar exatamente, e que toma talvez o lugar do signo da Balança, mas cuja posição é, em todo caso, muito mais próxima do Polo que do Zodíaco, visto que suas asas correspondem às estrelas da Ursa Maior, o que, de acordo com o que dissemos antes, só poderia confirmar essa suposição. Quanto à natureza desse pássaro, duas hipóteses são consideradas: a de uma pomba que poderia efetivamente ter alguma relação com o simbolismo do Graal, e a de um ganso ou, diríamos antes, de um cisne chocando o “Ovo do Mundo”, ou seja, de um equivalente do Hamsa hindu. (Guénon)