Livro da Extinção na Contemplação

Michel ValsanIbn Arabi — Livro da Extinção na Contemplação
Ibn ‘Arabi, Le livre de l’extinction dans la contemplation
Um dos numerosos pequenos tratados de Ibn Arabi, à margem das Iluminações da Meca. De um caráter geral, este tratado pode ser considerado como um introdução ao estudo da via esotérica e ao domínio do conhecimento metafísico no Islã. É sobretudo uma obra de defesa deste caminho e de seus meios próprios, como o “desvelamento” ou a apreensão intuitiva (al-kashf), contra os ataques que ele sofreu, seja do lado do exoterismo, seja do lado do racionalismo filosófico.

Trata-se de uma apoteose da elite espiritual e de seu papel providencial na economia tradicional e cósmica total.

Primeira tese: a Divina Realidade Essencial (al-Haqiqatu-Ilahiyya), que a meta do caminho de conhecimento metafísico, não pode ser contemplada a não ser por uma realização que por um lado, extinção (fana) daquilo que é relativo e contingente no ser, ou no “olho” contemplante, por outro, “permanência” (baqa) daquilo que, neste, é absoluto e necessário. Isso não implica mudança de natureza, nenhuma alteração ou supressão de essência, e não alcança nenhum resultado que não pré-existiria. O que se apaga é por definição caduco e sempre em estado de extinção, o que fica foi imutavelmente o mesmo por toda a eternidade. A Visão apenas aparece, ou se anuncia, como nova neste “olho”.
*O termo ayn que designa freqüentemente : “olho”, “fonte”, “pessoa”, “essência”, “identidade de uma coisa”, etc. se presta a aplicações correlativas não explicam exaustivamente a não ser por esta identidade final que afirma sob diferentes aspectos: sucessivamente e ao mesmo tempo, o contemplante quanto a seu “olho” e a seu “ser”, a Visão contemplativa, e a Estação metafísica realizada.