Lucille: Amor

FRANCIS LUCILLEAMOR

O amor não é uma emoção. O amor não é um estado. Não é uma emoção porque uma emoção é uma coisa percebida. Um estado também é uma coisa percebida, tem um início e um fim. Um estado é um estado de “algo”; um estado do corpo-mente. Emoções e estados podem aparecer no corpo-mente como consequência do amor. De certa maneira se pode dizer que o amor não é deste mundo, jamais foi deste mundo. A natureza do amor é a natureza da consciência, é a natureza da vida, é a natureza da inteligência, é a natureza da beleza. Por exemplo, não há amor sem compreensão e não há compreensão sem amor. Na experiência profunda estas duas palavras são a mesma coisa. O que chamamos compreensão se dá na experiência pelo pensar; o que chamamos amor se dá na experiência pelo sentimento. Na experiência fundamental os dois se juntam. Toda compreensão é amor, todo amor é compreensão. Pode-se dizer o mesmo da liberdade. No amor e na compreensão há liberdade. A compreensão nos libera do falso e o amor nos libera da falta. O falso é uma falta de verdade. A falta é de nós mesmos a nós mesmos.


Sabemos o que é o amor. O amor é de fato o motor por trás de todas as nossas ações. Assim como na ignorância o amor é mal conduzido, erra. Mas o coração se conhece a si mesmo. O amor se reconhece. Temos todos um bom detector. Se alguém nos ama o detector em nós sente. Se alguém não nos ama é a mesma coisa. Se alguém pode dizer coisas que se assemelham ao amor, fazer coisas que se assemelham ao amor, o detector em nós diz: “não é isso”. Nestes casos tem que se escutar o detector. Não se deve escutar a canção. Se escutamos a canção estamos equivocados. E reciprocamente também, o amor não tem necessidade de palavras de amor para ser compreendido. O detector em nós é aquilo que Jesus chamava, os olhos e os ouvidos (aqueles que têm ouvidos para ouvir…). Os olhos e os ouvidos que Jesus falava em suas parábolas são o detector do amor.

Francis Lucille