O Mandukya Upanixade é notável pela sua teoria dos quatro estados da consciência em relação ao AUM ou OM. A sílaba OM é explicada como o passado, o presente e o futuro. Tudo quanto transcende o tempo é OM. O universo inteiro é OM. Brahman é OM. Tudo é Brahman, a grande Alma Universal. A própria alma é Brahman.
A alma humana apresenta quatro estados de consciência, a saber: o estado consciente ou animado, o estado subconsciente, do sonho ou adormecido, o estado inconsciente ou do sono profundo, e o estado superconsciente ou de êxtase que é considerado como o único real. O estado consciente é exteriormente perceptível, sacia-se no grosseiro e é comum a todos os homens. O estado do sonho é interiormente perceptível, sacia-se no subtil e classifica-se como brilhante.
Quando o homem entra no estado de sono profundo ou inconsciente, ele não sonha nem deseja. É nesse estado que a unidade Transcendental se envolve em si mesma e a alma humana goza de puro encanto, e, no processo, torna-se a porta pela qual ela própria vislumbra o Senhor da Sapiência. No estado do êxtase, o íntimo da alma e o ventre do Universo fundem-se naquele que não é perceptível nem interiormente nem exteriormente, nem nos dois conjuntamente, nem é a sapiência nem está desprovido dela. Aquele que é invisível, incomunicável, e incompreensível, une-se à alma quando ela chega ao fim do seu desenvolvimento, porque alcançou já a grande Alma Universal que é o fim de toda a sabedoria.
Retirado da tese de doutorado de Selma de Vieira Velho, A Influência da Mitologia Hindu na Literatura Portuguesa dos Séculos XVI e XVII.
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