Marius Schneider

Segundo Joscelyn Godwin em seu livro Cosmic Music: Musical Keys to the Interpretation of Reality, Marius Schneider foi um musicólogo que tinha a intenção de reviver a antiga disciplina de Musica Speculativa, de música como um espelho (do latim speculum) diante da realidade. Sua abordagem se dá através da recriação da cosmogonia musical das civilizações arcaicas. Segundo Schneider, “o mundo primeiramente criado é um mundo de puro som”, que pode conter sons com de uma corredeira, gritos de animais, etc., mas que estes não são sons destas coisas, pois coisas ainda não existem. Objetos concretos são criações secundárias, não causas mas consequências de seus sons. Qualquer outra concepção que podemos formar do mundo primordial é meramente nossa própria visualização de seus eventos de puro som. Schneider vai além trilhando a hierarquia de ser ainda mais fundo, ou acima: “No princípio não há nada mas uma absoluta quietude” — que Godwin entende como o estado de Deus antes da criação, e seu eterno auto-continente não manifestado, independente da existência ou não de um cosmos. Neste silêncio, “os primeiros pensamentos, ritmos inaudíveis, levantam-se. Tais ritmos são o modelo para a criação cósmica concreta… Então o primeiro ato tem lugar; e este ato foi a expressão do pensamento na forma de um som rítmico… O ritmo é o criador e continente do mundo”.

Marius Schneider