Princípio Intelectual [ADAN]

NOÛS — PRINCÍPIO INTELECTUAL

VIDE: Enéada VI.7.15

Anthony Damiani: ASTRONOESIS [ADAN]

Emergindo do oceano de Possibilidades Infinitas presente na inefável inteligência indiferenciada do uno, flui uma mostração radiante de revelações gloriosas — a Mente Divina e suas Ideias. Estas existências luminosas, emanando na superfície de sua vacuidade, exibe a natureza interior, a perfeição inerente do único e inconhecível Deus. O Poder do Uno é tão grande que esta Mente Divina, embora uma «imagem do Uno», é ela mesma autêntica realidade. Esta expressão «exterior» do Uno paradoxalmente afirma-se como uma hipóstase distinta no meio do Uno sem um segundo (Enéada V.2.1; Enéada V.4.2; Enéada VI.9.9).

O transborde de poder de pronto assume determinações e expressão como o Princípio-Intelectual (Enéada V.9.2).

O Princípio-Intelectual é Intelecção pura e simples, a atividade extática da Ideação; os pensamentos que pensa são as muitas partes membros dele mesmo. Esta atividade da Ideação não cancela essa coisa única, sua auto-identidade indivisível; não introduz qualuqer elemento de dualidade ou predicação nele mesmo, mas tem muitos pensamentos (partes) e estes juntos com sua auto-identidade constitui um todo. Esta unicidade é tanto a mesma que e diferente da soma de suas partes. Assim a consequência é que um «um» é de fato e em atualidade um todo composto de unidade e multiplicidade (Enéada III.8.8).

A unidade concentrada da inteligência do Uno está refletida no Princípio-Intelectual, que Plotino caracteriza como não mais uma unidade mas ao invés um «Uno-Múltiplo» (Enéada V.3.15) ou uma «unidade em dualidade» (Enéada V.6.1), pois dentro dela surgem as primeiras distinções do conhecimento e seus objetos (Ser)1.

Na Mente Divina há uma visão das Ideias: subjetivo e objetivo, como poderes inteligíveis e substâncias ideais, são somente logicamente distinguidos como o conhecimento e o conhecido (Enéada V.6.6).

Plotino também afirma (Enéada V.1.4; Enéada V.3.5; Enéada VI.7.16) que a intelecção e o Ser são realidades complementárias no Princípio-Intelectual, cada uma constitutiva da outra, ambas surgindo de sua fonte comum, que podemos supor não ser outra senão o uno. Plotino está seguindo a linha de pensamento em República 508e onde Platão diz que o Bem imputa «verdade aos objetos de conhecimento e o poder de conhecimento ao conhecedor».

O que a Mente Divina conhece, também é, e conhece tudo que é inteiramente, nada ficando fora de sua visão. «Se esta identidade não existe, nem a verdade…» pois o princípio que conhece a verdade de um ser deve ser esse ser, outrossim o que guarda é só uma imagem da Verdade, «algo diferentes das realidades (Enéada V.3.5).


  1. Plotino caracteriza os três Primais em Enéada V.1.8

Termos e Noções