Schuon: le rationalisme

Original

Le rationalisme, lui, n’admet pour vrai que ce qu’on prouve, sans se rendre compte, d’une part que la vérité est indépendante de notre disposition à l’admettre ou à ne pas l’admettre, et d’autre part qu’une preuve est toujours proportionnée à un besoin de causalité, en sorte qu’il est des vérités qui ne sauraient être prouvées à tout le monde; à rigoureusement parler, la pensée rationaliste admet une donnée non point parce que celle-ci est vraie, mais parce qu’on peut la prouver, — ou faire semblant de la prouver, — ce qui revient à dire que la dialectique l’emporte ici, en fait sinon en théorie, sur la vérité. La pensée spécifiquement rationaliste ou philosophique — les deux termes étant synonymes au fond — ignore d’ailleurs volontiers qu’il est des besoins mentaux qui ne sont dus qu’à une déviation, et qui par conséquent ne sauraient fournir légitimement les points de départ de formulations axiomatiques; si les aveugles voyaient la lumière, ils ne pourraient songer à demander des preuves de son existence.


Antonio Carneiro

O racionalismo não admite por verdadeiro senão o que se prova, sem se dar conta, por um lado que a verdade é independente de nossa disposição a admiti-la ou a não admiti-la, e por outro lado que uma prova é sempre em proporção a uma necessidade de causalidade, de maneira que há verdades que não poderiam ser provadas para todo mundo; falando rigorosamente, o pensamento racionalista admite um dado não porque este seja verdadeiro, mas porque se pode prová-lo, — ou fazer parecer prová-lo, — o que quer dizer que a dialética leva a melhor aqui, de fato senão em teoria, sobre a verdade. O pensamento especificamente racionalista ou filosófico — os dois termos sendo no fundo sinônimos— ignora, a princípio voluntariosamente, que há necessidades mentais que só sejam devidas por um desvio, e que por consequência não saberiam fornecer legitimamente os pontos de partida de formulações axiomáticas; se os cegos vissem a luz, não poderiam sonhar em pedir provas de sua existência.

Frithjof Schuon