Quantas vezes temos de ler ou ouvir que determinado indivíduo está muito enganado, ou que é corrupto ou criminoso, mas que é “sincero”, e, consequentemente, “procura Deus à sua maneira” e outros eufemismos do mesmo gênero — o que, na verdade, quer dizer: não se preocupem, ele não faz nenhum esforço nem pela verdade nem pela virtude. Essa opinião realmente perversa é uma manifestação entre outras do subjetivismo moderno, segundo o qual o subjetivo mais contingente prevalece sobre o objetivo nos próprios casos em que este é a razão de ser daquele e, portanto, determina o seu valor. Quer dizer que o sincerismo em voga, longe de ser moral ou espiritual, é apenas o individualismo relativamente cínico: aliás, com um matiz cínico, visto que querer dominar-se e sublimar-se é querer ser mais do que os outros — como se nosso esforço para nos aperfeiçoarmos impedisse os outros de fazerem o mesmo.
O que é e o que não é a sinceridade — tópicos
- Se enganar sinceramente?
- Cinismo e hipocrisia
- Definição do orgulho por Boécio
- Esconder suas faltas
- Sinceridade ponto e sinceridade fragmentária
- O homem nobre e o homem vil
- Raiz de toda sinceridade verdadeira
- Das “pessoas censuráveis” no Sufismo
- Da hipocrisia