Corpus Hermeticum é o nome dado por comentaristas recentes a uma coleção de cerca de dezessete1 documentos distintos, que aparece pela primeira vez (como uma coleção) em manuscritos do século XIV. Nos manuscritos, a coleção como um todo não tem título, mas cada um dos vários documentos contidos nela tem um título próprio separado. O título do primeiro documento é Έρμοῦ τρισμέγιστου Ροιμάνδρης; e Ficinus, que publicou uma tradução latina dos primeiros quatorze documentos em 1471, cometeu o erro de supor que esse título se referia ao título de toda a coleção. Turnebus, que imprimiu a editio princeps do texto grego (1554), seguiu Ficinus nesse erro e intitulou Corp. I-XIV Mercurii Trismegisti Poemander. Da mesma forma, Flussas (1574) atribui a Corp. I-XIV, juntamente com um ‘Caput XV’ composto de excertos herméticos de outros lugares, o título Mercurii Trismegisti Pimandras, distinguindo os vários documentos como ‘Caput I’, ‘Caput II’, etc. (Ele anexa o ‘Caput XV’ composto de excertos herméticos de outros lugares). O erro foi corrigido por Patrizzi (1591), que usa o nome Poemander corretamente para designar Libellus I; mas Parthey (1854) voltou ao erro antigo, dando o título Hermetis Trismegisti Poemander à sua edição de Corp. I-XIV, e chamando os vários documentos de cap. 1, cap. 2, &c. Isso é como se alguém chamasse o Novo Testamento como um todo de “Evangelho de acordo com São Mateus”, e se referi-se à Epístola aos Romanos, por exemplo, como “o sexto capítulo de Mateus”. Os documentos do Corpus diferem uns dos outros da mesma forma que os vários escritos do Novo Testamento; é certo, a partir de evidências internas, que a maioria deles, se não todos, foram escritos por autores diferentes; e não há nada que mostre que a maioria dos escritores tenha lido o Corp. I, ou tivesse ouvido falar do nome Poimandres.