O SENSÍVEL — SENSAÇÃO
VIDE: sentidos; sensibilidade; sentir-sentido; percepção; experiência
Rupert Spira: The Art of Presence I
Tendo explorado a percepção visual do corpo, exploremos a sensação fática dele, pois esta é a forma na qual o corpo parece mais real e mais “mim mesmo”.
Fechemos nossos olhos para garantir que só estamos nos relacionando à pura sensação do corpo ao invés do pensamento, imagem ou memória dele. Sem referência ao pensamento ou memória, qual é a natureza desta sensação?
Se nossos olhos estão fechados, o único conhecimento que temos do corpo é uma sensação física. De fato, sem referência à pensamento ou memória, nem mesmo temos qualquer conhecimento de um corpo, como tal. Só conhecemos a sensação corrente. É somente o pensamento que etiqueta esta sensação “um corpo”; sem esse pensamento é apenas uma sensação. E mesmo isso é bastante. Sem pensamento não podemos nem mesmo conhecer a experiência corrente como “uma sensação” — é apenas experienciar cru, íntimo, inominável.
Deixe esta leitura, feche os olhos e experiencie a sensação que é referida como “meu corpo” como se fosse a primeira experiência que jamais tivestes.
Se fossemos fazer um desenho desta sensação, com que se pareceria? Teria bordas bem definidas? Seria sólida e densa?
É esta sensação corrente velha de trinta, cinquenta, setenta anos, ou está somente aparecendo agora? É a sensação corrente masculina ou feminina? Tem uma nacionalidade? Quanto a sensação corrente pesa? Com efeito, temos qualquer experiência de peso? Não é o peso ele mesmo simplesmente uma sensação? Essa sensação não pesa nada.
A sensação corrente vem com uma etiqueta “mim mesmo” presa a ela? Aparte do “mim mesmo” que o pensamento prende à sensação, onde está o “mim mesmo” fático? O que é que define esta sensação como “mim mesmo”? É simplesmente um pensamento. E de onde este pensamento tém sua autoridade? Obviamente não da experiência! A experiência conta uma estória bem diferente.