HERMETISMO — «A TÁBUA ESMERALDA DE HERMES TRISMEGISTO»
Prefácio de Didier Kahn de «La Table d’Émeraude
Um dos textos mais fascinantes da literatura hermética é certamente a célebre Tábua de Esmeralda que, segundo a lenda, oferece o ensinamento secreto de Hermes Trismegisto originalmente gravado sobre um tablete de esmeralda, encontrado entre suas mãos em sua própria sepultura. Este breve conjunto de fórmulas lapidares que ilustram o gênero alegórico, misterioso e oracular onde circulam os hermetistas, não cessaram durante séculos de ser glosados, comentados, analisados por diversas gerações de adeptos da “ciência hermética”.
Não é em um texto atribuído a Hermes, mas ao taumaturgo grego Apolônio de Tiana (arabizado sob a forma Balinus) que aparece pela primeira vez a Tábua de Esmeralda. Resta compreender porque é a esmeralda e não outra pedra que aqui se encontra associada à sabedoria de Hermes. O que Ruska simplifica a solução dizendo que a esmeralda é a pedra de Hermes, assim como o Mercúrio é seu metal.
Embora a Tábua de Esmeralda surja inicialmente registrada no Livro secreto da criação, atribuído a Apolônio de Tiana, ela volta aparecer em outras obras e sob formas diferentes. Assim, por exemplo, a versão diferente, constante da obra do pseudo Aristóteles de século VIII, e a versão referida na obra de Jabir ibn Hayyan, muito próxima da versão de Apolônio.
Sua introdução no Ocidente latino se deu na primeira metade do século XII, sendo a versão constante do Liber Hermetis de alchimia, a que conheceu maior difusão, juntamente com o comentário de Hortuliano, personagem desconhecido. A distinta versão do Pseudo Aristóteles veio a ser traduzida e comentada por Rogério Bacon, no século XIII.
Texto
Excertos de “Alquimia e Ocultismo”, Org. Victor Zalbidea, Victoria Paniagua, Elena Fernandez de Cerro e Casto del Amo
1. É verdade, sem mentira, certo e muito autêntico.
2. O que está em baixo é como o que está em cima, e o que está em cima é como o que está em baixo; por estas coisas se fazem os milagres de uma só coisa.
3. E como todas as coisas são e provêm de UM, pela mediação de UM, assim todas as coisas nasceram desta coisa única, por adaptação.
4. O Sol é seu pai, a Lua a mãe. O Vento trouxe-a no ventre. A Terra é sua alimentadora ama e o seu receptáculo.
5. O Pai de tudo, o TELESMA1 do mundo universal, está aqui.
6. A sua força ou potência, fica inteira, se for convertida em terra.
7. Separarás a terra do fogo, o subtil do espesso, brandamente, com grande indústria.
8. Ele sobe da terra ao céu e de novo baixará à terra, e recebe a força das coisas superiores e das coisas inferiores. Terás por esse meio a glória do mundo; e, por isto também, toda a obscuridade se afastará de ti.
9. É a força, forte de toda a força, pois vencerá toda a coisa subtil e penetrará em toda a coisa sólida.
10. Assim, o mundo foi criado.
11. Daqui sairão admiráveis adaptações, cujo meio está aqui.
12. Por isso fui chamado Hermes Trismegisto, porque possuo as três partes da filosofia universal.
13. O que disse aqui da Obra solar está cumprido e acabado.
-*VERSÃO EM LATIM
-*COMENTÁRIOS DE VALENTIN TOMBERG
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