Tempo das Origens

TEMPO DAS ORIGENS E TEMPO DO ORIGINADO
VIDE

  • In Illo Tempore

    Filosofia
    Eudoro de Sousa
    Assim, talvez possamos dizer, sem perigosas tangências com o erro mais flagrante, que o «outrora» é o tempo das origens, e o «agora», o tempo do originado, só com a reserva de que estes tempos não se encontram na mesma linha em que se tivesse fixado um ponto, mercê do qual, tanto se poderia dizer que um começa onde o outro acaba, quanto um acaba onde o outro começa. Se quisermos insistir e persistir na linha temporal, digamos, então, que a linha do «outrora» corre paralelamente à linha de todos os «agoras», passados, presentes e futuros, ou ainda, que o «outrora» é um ponto de acumulação de todos os acontecimentos, que, embora situado na mesma linha do tempo, é o limite de todos os pontos «agora», portanto um limite imposto a todo o historiável; e acrescente-se: na linha da temporalidade, aqueles só ganham valor de «acontecimentos», quando referidos ao limite, isto é, ao ponto-origem de todo o acontecer. Foi o tempo em que se deu a Fulguração Ofuscante, criadora de uma cultura.

    As linhas que precedem valem, segundo cremos, para todo o «mítico» criador de mitos. O mito começa e acaba in illo tempore, todo ele decorre em tempo indeterminado, porque indeterminável. Ficamos sabendo que tudo se passou antes, e assim, não há como identificá-lo com o passado, senão caindo, sem percalço, na arteira cilada do tempo real ou virtualmente historiável. (Eudoro de Sousa, “Sempre o Mesmo acerca do Mesmo”)

  • Perenialistas – Referências