Torella (RTPE) – razão e emoção

Vale a pena citar na íntegra a passagem em que a frase citada se encaixa: “Mas a razão nunca é tão eficaz quanto a paixão. Ouçam os filósofos. É necessário que o homem se mova pela razão tanto quanto, ou melhor, mais do que pela paixão, ou melhor, que se mova apenas pela razão e pelo dever. Bubbole. A natureza dos homens e das coisas pode muito bem ser corrompida, mas não corrigida. E se deixássemos a natureza, as coisas iriam muito bem, não obstante a dita superioridade da paixão sobre a razão. Não é necessário extinguir a paixão com a razão, mas converter a razão em paixão; fazer com que o dever, a virtude, o heroísmo, etc., se tornem paixões. São assim por natureza. Eram assim com os antigos, e as coisas eram muito melhores. Mas quando a única paixão no mundo é o egoísmo, então temos boas razões para clamar contra a paixão. Mas como o egoísmo pode ser extinto com a razão que o nutre, dissipando as ilusões? E sem isso, o homem sem paixões não se moveria por elas, mas nem mesmo pela razão, porque as coisas são feitas dessa maneira e não podem ser mudadas, pois a razão não é uma força viva nem motriz, e o homem só se tornará indolente, inativo, imóvel, indiferente, não envolvido, como se tornou em grande parte. (22 de outubro de 1820)” (G. Leopardi, Zibāldone di pensieri, editado por F. Flora, vol. i, Milão, Mondadori, 1937, pp. 173-174).

Raffaelle Torella