“A abundância é escavada da abundância, e ainda assim a abundância subsiste”. Assim reza um antigo e belo provérbio das Upanishads da Índia. A referência original era a ideia de que a plenitude de nosso universo — tão vasto em espaço, suas miríades de esferas rodopiantes e luminosas fervilhando de hostes de seres vivos — procede de uma fonte superabundante de substância transcendente e energia potencial. A abundância desse mundo é retirada da abundância do ser eterno; no entanto, como essa potência sobrenatural não pode ser diminuída, não importa quão grande seja a doação vertida, a abundância subsiste. Todos os símbolos verdadeiros, todas as imagens míticas referem-se a essa ideia, de uma forma ou de outra, e têm como miraculosa propriedade serem inexauríveis. A cada gole nela bebido por nossa compreensão imaginativa, um universo de significados é desvelado à mente, o que é, por certo, uma plenitude — subsistindo, no entanto, ainda mais plenitude. Não importa qual seja a leitura acessível à nossa visão atual, ela não pode ser final. Pode ser apenas um vislumbre preliminar. Devemos considerá-la como inspiração e estímulo, não como uma conclusão definitiva que impeça uma nova compreensão e diferentes formas de abordagem. [Heinrich Zimmer]
Zimmer: abundância
TERMOS CHAVES: abundância