aksha

Na Índia, o rosário denomina-se aksha-mala ou “grinalda de akshas” (e também aksha-sutra). Mas, o que se deve entender exatamente por aksha? Essa questão, para dizer a verdade, é bastante complexa. A raiz verbal aksh, da qual essa palavra deriva, significa atingir, penetrar, passar através, do que decorre para aksha o sentido principal de “eixo”; aliás, as palavras aksha e “eixo” [axe, no francês; axis, no latim] são claramente idênticas. Pode-se de imediato, com referência às considerações já expostas, ver aí uma relação direta com a significação essencialmente “axial” do sutratma. Mas como explicar que aksha tenha chegado a designar, não mais o fio, porém as contas do rosário? Para compreender é necessário dar-se conta que, na maior parte de suas aplicações secundárias, a designação do próprio eixo foi de certa forma transferida (por uma passagem, poderíamos dizer, do sentido ativo ao passivo) para o que ele atravessa e, mais em particular, para o seu ponto de penetração. É assim que, por exemplo, aksha é o “olho” de uma roda, isto é, seu cubo. A ideia de “olho” (sentido que a palavra aksha tem com frequência nas suas composições) leva-nos ainda à concepção simbólica do eixo como “raios solares” que iluminam os mundos ao penetrá-los. Aksha é também um dado de jogar, aparentemente por causa dos “olhos” ou pontos com que são marcadas suas diferentes faces. E é ainda o nome de uma espécie de semente com que se fazem comumente os rosários, pois a perfuração dessas sementes constitui um “olho”, destinado a permitir a passagem do fio “axial” (v. sutra). Isso, aliás, vem mais uma vez confirmar o que dissemos há pouco sobre a importância primordial deste último no simbolismo da “corrente dos mundos”, visto ser dele, em suma, que as sementes recebem secundariamente sua designação, do mesmo modo que, poderíamos dizer, os mundos apenas tornam-se realmente “mundos” (v. loka) na medida em que são penetrados pelo sutratma. [Guénon]

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