brasão

É interessante notar, no que diz respeito em especial ao simbolismo heráldico, que os seis raios constituem uma espécie de esquema geral segundo o qual foram dispostas, no brasão, as mais diversas figuras. Veja-se, por exemplo, uma águia ou qualquer outro pássaro heráldico, e não será difícil dar-se conta que se encontra de fato nessa disposição, onde a cabeça, a cauda, as extremidades das asas e os pés correspondem respectivamente às pontas dos seis raios. Veja-se também um emblema como o da flor-de-lis e se fará a mesma constatação. Pouco importa, neste último caso, a origem histórica do emblema em questão, que deu aliás margem a inúmeras hipóteses diferentes: a flor-de-lis seria verdadeiramente uma flor — o que concorda com a equivalência da roda com certos símbolos florais como o lótus, a rosa e o lírio (este último, além disso, tem na verdade seis pétalas) — ou que teria sido primitivamente uma ponteira de ferro da lança, ou um pássaro, ou uma abelha, antigo símbolo caldeu da realeza (hieróglifo sar), ou mesmo um sapo, ou ainda, como é o mais provável, que resultaria de uma espécie de “convergência” e fusão de várias dessas figuras, deixando subsistir apenas os seus traços comuns. No entanto, o que importa essencialmente para determinar sua significação principal é que o emblema se encontra precisamente de acordo com o esquema de que estamos falando. (Guénon)

René Guénon