Conhecia muito bem ao Cioran. Já éramos amigos na Romênia, pelos anos 1933-1938, e senti-ME muito feliz ao lhe encontrar aqui, em Paris. Admirava ao Cioran desde seus primeiros artigos, publicados em 1932, quando ele tinha apenas vinte e um anos. Sua cultura filosófica e literária era excepcional para sua idade. Já lera ao Hegel e ao Nietzsche, aos místicos alemães e a Açvagosha. Possuía além disso, e já desde muito jovem, uma surpreendente mestria literária. Escrevia tanto ensaios filosóficos como artigos panfletários de um vigor extraordinário; podia comparar-lhe com os autores de apocalipse e com os mais famosos panfletários políticos. Seu primeiro livro em romeno, Nos topos do desespero, era apaixonante como uma novela, mas ao mesmo tempo, melancólico e terrível, deprimente e exaltante. Cioran escrevia tão estupendamente em romeno que resultava impossível imaginar que um dia demonstraria a mesma perfeição literária em francês. Acredito que seu caso é único. É certo que sempre tinha admirado o estilo, a perfeição estilística. Dizia com toda seriedade que Flaubert tinha toda a razão quando passava uma noite inteira trabalhando para evitar um subjuntivo… (Mircea Eliade)