Considera-se que a concha contém o som primordial e imperecível (akshara), ou seja, o monossílabo Om, que é o nome por excelência do Verbo manifestado nos três mundos, ao mesmo tempo em que, por uma outra correspondência de seus três elementos ou matras, é a essência do tríplice Veda. Além disso, esses três elementos, reduzidos às suas formas geométricas essenciais e dispostos graficamente de um certo modo formam o próprio esquema da concha; e, por uma concordância bastante singular, descobre-se nele também o esquema do ouvido humano. (Guénon)
Podemos observar, por outro lado, que a forma do símbolo zodiacal de Câncer é ainda o esquema da concha (shankha), que está evidentemente em relação direta com as Águas, e que também é representada contendo os germes do ciclo futuro durante os períodos de pralaya ou de “dissolução exterior” do mundo. A concha encerra o som primordial e imperecível (akshara), o monossílabo Om, que é, por meio de seus três elementos (matras), a essência do tríplice Veda. É assim que o Veda subsiste perpetuamente, sendo anterior a todos os mundos, mas de algum modo oculto ou envolvido durante os cataclismos cósmicos que separam os diferentes ciclos, para ser manifestado a seguir novamente no início de cada um deles. O esquema também pode ser completado como sendo o próprio akshara, em que a linha reta (a) recobre e fecha a concha (u), que contém no seu interior o ponto (m) ou o princípio essencial dos seres. A linha reta representa ao mesmo tempo, pelo seu sentido horizontal, a “superfície das Águas”, ou seja, o meio substancial em que se produzirá o desenvolvimento dos germes ( representado no simbolismo oriental pelo desabrochar da flor de lótus) após o final do período de obscurecimento intermediário (sandhya) entre dois ciclos. Seguindo a mesma representação esquemática, teremos então uma figura que poderá ser descrita como se a concha virasse para deixar escapar os germes, seguindo a linha reta agora orientada no sentido vertical descendente, que é o mesmo sentido da manifestação a partir do seu princípio não manifestado. Essa nova representação é a mesma que foi dada, no Arqueômetro, à letra heth zodiacal de Câncer. (Guénon)