escada

Um outro símbolo muito difundido, que se liga de imediato à mesma ordem de ideias, é o da escada, que se constitui também num símbolo “axial”. Como disse A. K. Coomaraswamy, “o Eixo do Universo é como uma escada sobre a qual se efetua um perpétuo movimento ascendente e descendente”. Permitir a realização de tal movimento, é, de fato, a destinação essencial da escada. E visto que, como acabamos de ver, a árvore ou o mastro desempenham também o mesmo papel, pode-se dizer que a escada, sob esse aspecto, é um de seus equivalentes. Por outro lado, a forma específica da escada exige algumas observações; seus dois montantes verticais correspondem à dualidade da “Árvore da Ciência”, ou, na Cabala hebraica, às duas “colunas”, da direita e da esquerda, da árvore sefirótica. Nenhuma das duas, portanto, é propriamente “axial”, e a “coluna do meio”, na verdade o próprio eixo, não está figurada de forma palpável (como acontece também em muitos casos com o pilar central de um edifício). Mas, por outro lado, a escada como um todo, no seu conjunto, está de certo modo “unificada” pelos degraus que juntam os dois montantes entre si, e que, por estarem colocados na horizontal entre estes, têm necessariamente os seus pontos médios situados no próprio eixo. Vê-se que a escada oferece assim um simbolismo muito completo: ela é, poderíamos dizer, como que uma “ponte” vertical que se eleva através dos mundos e permite percorrer toda sua hierarquia, degrau por degrau. Ao mesmo tempo, os degraus são os próprios mundos, isto é, os diferentes níveis ou graus da Existência universal. (…) É por isso que, sobretudo quando a escada é empregada como um elemento de certos ritos iniciáticos, seus degraus são expressamente considerados como representação dos diferentes céus, isto é, dos estados superiores do ser. (Guénon)

René Guénon