folclore

entre as diversas coisas que, supõe-se, o “inconsciente coletivo” possa explicar encontra-se, naturalmente, o folclore, que é um dos casos em que a teoria pode ter certa aparência de verdade. Para ser mais exato, seria preciso falar de uma espécie de “memória coletiva”, que é como uma imagem ou um reflexo, no domínio humano, da “memória cósmica”, que corresponde a um dos aspectos do simbolismo da Lua. No entanto, querer deduzir a origem da própria tradição, a partir da natureza do folclore, é cometer um erro idêntico àquele, tão difundido em nossos dias, que considera como “primitivo” o que não passa afinal de uma degradação. E evidente que o folclore, sendo em essência constituído de elementos que pertencem a tradições extintas, representa inevitavelmente um estado de degeneração em relação à tradição original. Trata-se, porém, do único meio pelo qual alguma coisa pôde ser salva. Deveríamos também perguntar em quais condições a conservação desses elementos foi confiada à “memória coletiva”. Como já tivemos ocasião de dizer, apenas podemos ver nisso o resultado de uma ação perfeitamente consciente dos últimos representantes de antigas formas tradicionais que estavam a ponto de desaparecer. O certo é que a mentalidade coletiva, na medida em que exista alguma coisa que possa ser assim denominada, reduz-se na verdade a uma memória, o que pode ser expresso em termos de simbolismo astrológico, dizendo-se que ela é de natureza lunar. Em outros termos, ela pode preencher uma certa função de conservação, que é no que consiste em especial o folclore, mas é totalmente incapaz de produzir ou de elaborar seja o que for, sobretudo coisas de ordem transcendente, como é, por definição o caso dos dados tradicionais. (Guénon)


Certos símbolos podem ser conservados e transmitidos na condição de sobrevivências “folclóricas”, quando encobertos por uma interpretação “mágica”, o que mostra que ela também tem a sua utilidade. (Guénon)

Folclore, Lendas