A história das religiões refere-se ao mais essencialmente humano, a relação do homem com o sagrado. A história das religiões pode desempenhar um papel de extrema importância na crise que conhecemos. As crises do homem moderno são em grande parte religiosas na medida em que supõem a tomada de consciência de uma carência de sentido. Quando alguém tem o sentimento de ter perdido a chave de sua existência, quando já não se sabe o que significa a vida, trata-se de um problema religioso, posto que a religião é justamente a resposta a uma questão fundamental: que sentido tem a existência? Nesta crise, neste desconcerto, a história das religiões deve ser ao menos como uma Arca de Noé das tradições míticas e religiosas. Por isso, penso que esta «disciplina total» pode exercer uma função régia. As «publicações científicas» possivelmente, cheguem a constituir uma reserva em que se «camuflarão» todos os valores e modelos religiosos tradicionais. Daí meu esforço constante em pôr de relevo a significação dos fatos religiosos. (Mircea Eliade)