Uma outra consequência resulta ainda das características fundamentais do intelecto e da razão: um conhecimento intuitivo, por ser imediato, é necessariamente infalível em si mesmo; ao contrário, o erro sempre pode introduzir-se em todo conhecimento que é apenas indireto ou mediato, como no caso do conhecimento racional. E por aí também pode-se ver o quanto Descartes se enganava ao querer atribuir infabilidade à razão. É o que Aristóteles exprime nestes termos: “Dentre os haveres da inteligência, em virtude dos quais alcançamos a verdade, existem aqueles que são sempre verdadeiros, e outros que podem levar ao erro. O raciocínio está neste último caso; mas o intelecto está sempre conforme à verdade e nada é mais verdadeiro que o intelecto. Ora, sendo os princípios mais conhecidos do que a demonstração, e estando toda ciência acompanhada de raciocínio, o conhecimento dos princípios não é uma ciência (mas sim um modo de conhecimento superior ao conhecimento científico ou racional, e que propriamente constitui o conhecimento metafísico). Além disso, o intelecto é por si mais verdadeiro que a ciência (ou que a razão que edifica a ciência); logo, os princípios pertencem ao intelecto.” E, para melhor afirmar o caráter intuitivo do intelecto, Aristóteles também diz: “Os princípios não são demonstráveis, mas percebe-se diretamente a sua verdade.” (Guénon)
intelecto e razão
TERMOS CHAVES: intelecto – noûs