língua siríaca

Segundo o Islã, a língua “adâmica” era a “língua siríaca”, loghah súryâniyah, que não tem, aliás, nada a ver com o país atualmente designado pelo nome de Síria, nem com qualquer das línguas mais ou menos antigas, cuja lembrança foi conservada pelos homens até nossos dias. Esta loghah suryâniyah é provavelmente, segundo a interpretação dada ao seu nome, a língua da “iluminação solar”, shems-ish-raqyah. De fato, Surya é o nome sânscrito do Sol, e isso parece indicar que sua raiz sur, uma dentre as que designam a luz, pertencia a essa língua original. Trata-se, portanto, daquela Síria primitiva da qual Homero fala como sendo uma ilha situada “além de Ogígia”, o que a identifica à Thule hiperbórea, e “onde estão as revoluções do Sol”. Segundo Josefo, a capital desse país chamava-se Heliópolis, “cidade do Sol”, nome dado a seguir à cidade do Egito também denominada On, do mesmo modo que Tebas teria sido inicialmente um dos nomes da capital de Ogígia. As transferências sucessivas desses nomes, e de muitos outros também, seriam particularmente interessantes para estudar no que diz respeito à constituição de centros espirituais secundários de diversos períodos, constituição esta que está em estreita relação com as línguas destinadas a servir de “veículos” às formas tradicionais correspondentes. São essas as línguas às quais se pode dar, apropriadamente, o nome de “línguas sagradas”. (Guénon)

Lendas, René Guénon