Um jovem, tendo na cabeça um grande chapéu em forma de lemniscata, está de pé atrás de pequena mesa, sobre a qual se encontram peque-o vaso amarelo, três pequenos discos amarelos, quatro discos vermelhos, um dos quais dividido ao meio por um traço, um copo vermelho com dois dados, uma faca fora da bainha e uma bolsa para guardar pequenos objetos. O jovem — que é o Mago — tem uma varinha em sua mão esquerda e uma bola ou moeda amarela em sua mão direita. Ele segura esses dois objetos com despreocupação perfeita, sem apertá-los nem demonstrar qualquer sinal de tensão, de indecisão, de pressa ou de esforço.

Ele age com espontaneidade perfeita — trata-se de jogo, não de trabalho — e nem sequer segue os movimentos de suas mãos; seu olhar se dirige para outro lugar. Essa é a lâmina.

Que a série dos símbolos, isto é, dos reveladores, dos arcanos, que é o jogo do Tarô, se abra com uma figura representando um mago — um pelotiqueiro em ação é, sem dúvida, surpreendente! Como explicá-lo?

O primeiro Arcano — princípio subjacente dos outros vinte e um Arcanos Maiores do Tarô — é o da relação de esforço pessoal e da realidade espiritual. Ele está em primeiro lugar na série porque quem não o compreender (isto é, quem não o entender na prática cognitiva e realizadora) não saberá o que fazer com os outros arcanos, visto que é o Mago que é chamado a revelar o método prático, válido para todos os arcanos.

Ele é o “Arcano dos Arcanos” no sentido de que revela o que é necessário saber e poder para se entrar na escola dos exercícios espirituais constituídos pelo conjunto do jogo do Tarô, a fim de que se tire algum proveito dele. [Valentin Tomberg]

Valentin Tomberg