A “Criação” – ou melhor a “Manifestação”, para não se usar uma terminologia excessivamente teológica – está simbolizada por um helicóide cilíndrico cujo “passo” é infinitesimal e cujo número de espiras é indefinido – representando cada uma delas um grau, um estado da Existência universal –. Assim, a saída de uma espira corresponde, para um ser, a uma morte, e a entrada na espira seguinte, um nascimento, como expõe Matgioi na “A Via Metafísica”. A situação de um ser no interior de uma dada espira (não sendo o estado humano nada mais que uma dessas inumeráveis espiras) é a resultante, ao mesmo tempo, das possibilidades deste ser destinadas a manifestar-se especificamente nesse estado considerado, e da ação do mesmo indivíduo no graus, as espiras anteriores, segundo a lei do “karma”, para os hindus, ou para a tradição extremo-oriental que é a que interessa particularmente a Matgioi, das “ações e reações concordantes”. Segundo Jean Robin, deve-se precisar que a “espira humana” – se é cabível tal expressão – não somente compreende o estado corporal bruto mas também todos os seus prolongamentos invisíveis, que constituem o “mundo intermediário” ou sutil, ou psíquico, para usar termos diferentes que designam uma realidade única.
Se considerarmos um ser em uma espira particular, então podemos simbolizar seu estado por um plano horizontal engendrado por uma cruz de duas dimensões, e ao próprio ser por uma linha vertical que corta em ângulo reto o plano horizontal, enquanto se prolonga “indefinidamente”em ambos os sentidos. Como explica René Guénon no Simbolismo da Cruz, “a manifestação do ser neste estado será determinada pela intersecção da vertical considerada com o plano horizontal” ou em outros termos, “a natureza individual de um ser resulta antes de tudo do que é em si mesmo (Personalidade, Si mesmo) e, secundariamente, das influências do meio”.