Em justapondo todas as variantes do mito de Sophia [CoulianoGD], sem separar nenhuma, nós obteremos a epitome seguinte, que difere dos relatos transmitidos pelas fontes naquilo que ela ocupa em relação da inclusão dos componentes da sequência da queda que, sem nunca se excluir reciprocamente, são em relação de e/ou uma dirigida à outra:
Uma entidade quase exclusivamente feminina se encontra em uma situação irregular. Em um caso singular, esta situação é produzida por falha de sua Mãe (falha descrita em termos sexuais). Em todos os outros casos, Sophia ela própria é responsável disso. Ela é jovem, sem experiência. Ela é lasciva, insaciável, « prostituta ». Ela não tem cônjuge. Ela pensa, age, quer criar sem cônjuge ou sem consentimento de seu Pai ou de seus superiores. Ela está curiosa por seu Pai que se encontra fora de sua alçada e ascende para alcançar seu conhecimento; ou do abismo do universo: ela olha lá para baixo e desce para cair na armadilha preparada pelos seres cruéis. Ela se autofecunda em vez de copular com um companheiro. Ela é animada pela ideia de vingança dirigida ao esposo que a abandonou. De todo jeito, seu desequilíbrio se deixa descrever em termos de insatisfação erótica, curiosidade feminina desmedida, ignorância da ordem patriarcal que reina na família em que ela é a última criação : complexo juvenil onde se misturam frustração, revolta, inveja, autoerotismo e angústia de separação (abandono).
Seu pensamento, sua ação e a dúvida que esta suscita, tem por resultado o nascimento de um prematuro: o demiurgo do mundo daqui embaixo. Num caso singular, o desequilíbrio que segue sua frustração provoca uma deterioração radical das condições do mundo, que não é « malvado » em si, mas simplesmente inferior. A aparição do mundo ou sua degradação são resultados da crise da personagem feminina.
Após ter constatado as consequências deletérias de seu ato, a personagem se arrepende, faz um pedido de desculpas, é ajudada por sua família e se apressa para ser reintegrada na sua morada e nos seus direitos. Em particular, ela é o fator ativo que ajuda o gênero humano a suportar a condição de decadência que ela mesmo acabou de provocar.
A condensar todos esses dados, pode-se caracterizar como segue o mito de Sophia:
Uma personagem feminina está em crise erótica e se revolta, com razão ou não, contra a ordem patriarcal de sua família. À continuação de suas ações, um mundo inferior, habitat desconfortável do homem, virá a ser ou será deteriorado às despensas da humanidade. A personagem feminina fará um pedido de desculpas, ajudando a humanidade à suportar as malvadas consequências de seu próprio comportamento.