Filosofia que surgiu no século III, principalmente entre os gregos de Alexandria (Plotino, Amélio, Porfírio). Do século V até 529, o seu desenvolvimento prosseguiu em Atenas (Proclo). Embora pagã, considerava o conhecimento e o materialismo insuficientes e introduziu a metafísica, colocando assim o platonismo mais próximo do Cristianismo. O neoplatonismo desenvolveu a hierarquia de formas de Platão, traduzindo o seu “Bem” por “Uno”, do qual emanou a primeira inteligência {Logos, verbo, palavra), a qual contém as ideias imateriais (as formas platônicas) de todos os seres. O Logos iniciou uma segunda inteligência (Alma do Mundo), da qual derivou a inteligência individual, descendo numa escala hierárquica de seres espirituais, com a alma humana por último.

Quatro conceitos neoplatônicos influenciaram o pensamento cristão desde o começo: a hierarquia de seres espirituais; a natureza espiritual da realidade; o retorno da alma ao Uno através da contemplação; a bondade e a plenitude do ser. Entretanto, as semelhanças superficiais ocultaram dicotomias essenciais: o neoplatonismo percebeu uma involuntária e eterna procissão da inteligência do Uno para o mundo material, negando a Criação voluntária de Deus; a tríade neoplatônica (o Uno, o Espírito, a Alma do Mundo) não era uma Trindade e a onipresença do mundo permitiu que o panteísmo florescesse. O neoplatonismo baseava-se essencialmente na investigação filosófica, ao passo que o Cristianismo tinha que reconciliar a natureza com Deus. Santo Agostinho (354-430) foi o primeiro a fundir conceitos neoplatônicos e cristãos; e Boécio (c. 480-524) também se inclinou para o neoplatonismo, traduzindo algumas obras. Enquanto que Santo Agostinho deu ao neoplatonismo um fundamento cristão, João Erígena (c. 810-77) tentou discutivelmente colocar o Cristianismo numa base neoplatônica.

Apesar dessas tentativas, a divisão do Império tinha distanciado o Ocidente das filosofias gregas. O conhecimento direto do neoplatonismo só foi obtido após sua reintrodução via filosofia árabe (Al-farabi, Avicena) e filosofia judaica (Avicebrol), as quais chegaram ao Ocidente a partir do final do século XII, combinando os sistemas físico (aristotélico) e espiritual (neoplatônico) para explicar o universo. As traduções de Guilherme de Moerbeke (1215-86) destrinçaram o neoplatonismo e o aristotelismo, dando um novo impulso ao neoplatonismo. Durante o século XIII, influenciou o pensamento agostiniano, o tomismo (Santo Tomás de Aquino, Egídio Romano) e os dominicanos de Colônia (Alberto Magno, Hugo de Estrasburgo, Dietrich de Freiburg), encorajou o misticismo (Eckhart) e ajudou a ciência através de sua metafísica leve (Witelo). (DIM)