Em um artigo, Ananda Coomaraswamy observa que a intenção do texto de São Paulo é evidentemente representar Cristo como o único princípio do qual depende todo edifício da Igreja, e acrescenta que “o princípio de uma coisa não é nem uma de suas partes em relação às demais, nem a totalidade de suas partes, mas sim aquilo a que todas as partes são reduzidas numa unidade sem composição”. A “pedra fundamental” (foundation-stone) pode também, num certo sentido, denominar-se “pedra de ângulo” (corner-stone) tal como se faz habitualmente, porque ela é colocada em um ângulo ou em um “canto” (corner) do edifício, mas ela não é única, nesse caso, pois o edifício tem necessariamente quatro ângulos. Mesmo que se queira falar da “primeira pedra” em particular, ela não difere em nada das pedras de base dos outros ângulos, salvo pela sua situação, e não se distingue nem por sua forma nem por sua função, nada mais sendo, em suma, que um dentre os quatro suportes iguais entre si. Seria possível dizer que qualquer uma dessas quatro comer-stones “reflete” de alguma forma o princípio dominante do edifício, mas não se poderia de modo algum considerá-la como o próprio princípio. Além disso, se a questão estivesse aí na verdade, não se poderia logicamente falar “da pedra angular”, visto que, de fato, seriam quatro. Esta portanto deve ser em essência alguma coisa diferente da comer-stone, entendida no sentido corrente de “pedra fundamental”, tendo apenas em comum o caráter de pertencerem ao mesmo simbolismo “construtivo”. [Guénon]
a “pedra fundamental” sintetiza em si, permanecendo no mesmo plano, os aspectos parciais representados pelas pedras dos quatro ângulos (caráter parcial este representado pela obliquidade das linhas que os ligam ao topo do edifício). De fato, a “pedra fundamental” do centro e a “pedra angular” são respectivamente a base e o topo do pilar axial, esteja ele figurado visivelmente ou tenha apenas uma existência “ideal”. Neste último caso, a “pedra fundamental” pode ser uma pedra do lar ou uma pedra do altar (o que aliás, em princípio, é a mesma coisa), correspondendo de certo modo ao próprio “coração” do edifício. [Guénon]