Só em época relativamente recente se investigou o problema do sentido como uma questão separada; o usual era antes confundir o ser e o sentido e considerar que a menção de um implicava necessariamente a preferência ao outro. Assim, para a metafísica que poderíamos chamar tradicional, o que se considerava o ser era por sua vez o que possuía sentido, de tal modo que o ser e o sentido deste equivaliam aproximadamente à mesma coisa. A investigação fenomenológica sobre o sentido permitiu, em contrapartida, não só pôr entre parêntesis a famosa identificação, mas inclusivamente considerar como relativamente separados os diferentes significados do termo sentido. Rapidamente se admitiu que o sentido não pode sem mais confundir- se com o significado de um termo ou de uma proposição. se quiser, o sentido pode ser estudado também sob o aspecto do significado, mas sempre que este inclua não só a relação, mas também a coordenação do sinal com o objeto. Elaborou-se uma fenomenologia do sentido, segundo a qual este se dá sob vários aspectos: como sentido semântico, como sentido estrutural ou eidético, como sentido fundamentante ou lógico e como sentido de motivação. De tal modo que quando se fala de sentido será necessário saber a qual dos mencionados conceitos se refere, e qual é a relação que se estabelece entre um e outro e entre cada um e todos os restantes. Também a falta de sentido ou o trans-sentido se manifestam de modo diferente em cada um dos sentidos. O caraterístico desta investigação é, portanto, a determinação dos diferentes significados em que se pode empregar o sentido, incluindo o próprio significado como uma das suas formas. Outras investigações, em compensação, referem-se antes ao momento da unificação do sentido, quer sob um aspecto metafísico, quer sob o aspecto psicológico ou científico-espiritual. Alguns consideram, por exemplo, o sentido como uma peculiar direção que, por sua vez, constitui uma das dimensões essenciais do mundo do espírito nas suas duas formas: subjetiva e objetiva. Quando o ponto de vista metafísico predomina sobre o gnoseológico, atende-se não só à unificação dos diversos significados do sentido, mas a insistir na questão da relação entre o sentido e o ser. Para alguns, ser e sentido são o mesmo; para outros, o sentido é mais amplo que o ser; para outros, o ser é mais amplo que o sentido. Esta questão foi a atacada sobretudo por Heidegger ao pôr o problema do sentido do ser. Sob o aspecto psicofisiológico, entende-se por sentido a faculdade de experimentar certas sensações, faculdade que se realiza mediante órgãos também chamados sentidos (os cinco sentidos). Tradicionalmente, classificaram-se os sentidos segundo os órgãos, mas, na realidade, há múltiplas faculdades de sentir, não só por combinação dos órgãos sensíveis, mas inclusivamente pela possibilidade do chamado sentido comum, ou sentido dos sentidos. Todos estes sentidos são chamados externos, diferentemente do chamado sentido interno ou íntimo, que tem um significado puramente psíquico e que equivale às vezes a consciência, conhecimento ou percepção da interioridade psíquica. (DFW)