terceiro homem

(gr. teitos anthropos).

Aristóteles alude várias vezes a um argumento assim denominado, contrário à doutrina platônica das ideias, dando-o por conhecido. portanto deixando de expô-lo (Met., I, 9, 990 b 17; VII, 13, 1039 a 2; El. sof, 178 b 36). Segundo Alexandre de Afrodisia (In met, I, 9), esse argumento consistiria em dizer que, uma vez que um homem individual é semelhante ao homem ideal, deve existir um terceiro homem do qual os dois participem. Mas esse é o argumento aduzido contra a doutrina das ideias de Platão, que no entanto não menciona o exemplo do homem (Parm., 132a). Alexandre, porém, menciona também outras formas desse argumento do terceiro Homem. 1) Uma delas é a usada pelos sofistas: quando dizemos “o homem está passeando”, não estamos falando nem da ideia de homem (que é imóvel), nem de um homem em particular; devemos então estar falando de um homem de uma terceira espécie. 2) Fânias, discípulo de Aristóteles, em seu livro contra Diodoro Cronos, atribuía ao sofista Polixeno o seguinte argumento: se o homem existe por participar da ideia de homem, deve haver algum homem que possua o seu ser em relação com a ideia; mas não será nem a própria ideia, nem o homem em particular. Finalmente, o próprio Alexandre nota que o argumento do terceiro homem, exposto na primeira forma, pode ser repetido ao infinito, porque a relação entre terceiro homem, por um lado, e ideia do homem particular por outro pode dar lugar ao quarto e quinto homem, e assim por diante.

Como Platão expõe o argumento por meio de Parmênides, contra a interpretação da doutrina das ideias que estabelece uma separação nítida entre ideias e coisas, é provável que esse argumento fosse corrente na própria escola platônica; sua origem, porém, parece ser megárica ou sofistica (cf. a nota de W. D. Ross a Met., I, 9, na edição de Metafísica por ele organizada, bem como a nota de DIES a Parmênides, em Coll. des Univ. de France, VIII, p. 21). (Abbagnano)

Nicola Abbagnano