Enquanto houver um “eu”, há “outros”; enquanto houver “outros”, há um “eu”.
Assim que não houver mais um “eu”, não haverá mais “outros”; e assim que não houver mais “outros”, não haverá mais um “eu”.
Mas os “outros” não podem ser abolidos por um “eu” (ou vice-versa), nem um “eu” pode ser abolido por um “eu”, porque o “eu” a ser abolido é, então, um “outro” para o “eu” que o aboliria.
O “eu” e os “outros” não podem ser abolidos, pois a abolição requer um abolidor. Mas, como o “eu” e os “outros” são contrapartes fenomênicas interdependentes, seu complemento produz negação mútua, cuja ausência representa Isto-que-somos.
Nota: Assim como o negativo e o positivo, o sujeito e o objeto, a luz e a sombra, o eu e o outro se complementam mutuamente, produzindo, assim, a não-objetividade na qual nenhum dos dois é, e a não-objetividade que se pode dizer que permanece representa Isto-que-somos.