Whitman (GL) – a morte na verdade não existe

Garcia Lopes

Que fim levaram os velhos e os jovens ?
E que fim levaram as mulheres e as crianças ?
Todos estão bem e vivos em algum lugar ;
O menor broto mostra que a morte na verdade não existe,
E se um dia existiu, seguiu tocando a vida, sem ficar à espera para interrompê-la,
E deixou de ser assim que a vida apareceu.
Tudo segue e segue sem parar . . . . nada se colapsa,
E morrer é diferente do que se imaginava, bem mais afortunado.
Alguém aí achou que foi sorte ter nascido ?
ME adianto e digo a ela ou ele que também há sorte em morrer, e disso sei bem.
Cruzo a morte com o moribundo e cruzo a vida com o recém-nascido . . . . não
estou contido entre chapéu e botas,
Examino inúmeros objetos, não há dois que se pareçam, todos são bons,
A terra é boa, as estrelas são boas e seus suplementos também.

Original

What do you think has become of the young and old men ?
And what do you think has become of the women and children ?
They are alive and well somewhere ;
The smallest sprout shows there is really no death,
And if ever there was it led forward life, and does not wait at the end to arrest it,
And ceased the moment life appeared.
All goes onward and outward . . . . and nothing collapses,
And to die is different from what any one supposed, and luckier.
Has any one supposed it lucky to be born ?
I hasten to inform him or her it is just as lucky to die, and I know it.
I pass death with the dying, and birth with the new-washed babe . . . . and am not
contained between my hat and boots,
And peruse manifold objects, no two alike, and every one good,
The earth good, and the stars good, and their adjuncts all good.
[WHITMAN, Walt. Leaves of Grass / Folhas de Relva. A Primeira Edição [1855]. Tr. Rodrigo

Garcia Lopes

. São Paulo: Iluminuras, 2005 [ebook]]

Walt Whitman (1819-1892)