Para Pitágoras, o número encerra sempre o numeroso, porque o número exige uma relação, e em toda relação há exigência de mais de um. O Um não é número. O Um é o todo. O Absoluto é o Um. (Não se deve confundir com o um aritmético).
“A unidade é a oposição entre o limite e o ilimitado; a unidade serve de momento de tensão e de aproximação de dois gêneros de realidade.” E uma frase pitagórica.
Podemos formar qualquer acepção sobre a essência, mas, em todas elas, uma nota é indispensável: na essência está sempre o imprescindível para que uma coisa seja o que ela é. [MFS]
O dogma da unidade da essência de tudo o que existe precede todo ato de conhecimento, e todo ato de conhecimento pressupõe o dogma da unidade do mundo. O ideal — ou fim último — de toda filosofia e de toda ciência é a verdade. Mas a “verdade” não tem outro sentido que não seja a redução da pluralidade fenomenal à unidade essencial — dos fatos às leis, das leis aos princípios, dos princípios à essência ou ao ser. Toda procura da verdade — mística, gnóstica, filosófica e científica — postula a sua existência, isto é, a unidade fundamental da multiplicidade fenomenal do mundo. Sem essa unidade, nada seria cognoscível. Como seria possível proceder do conhecido para o desconhecido — e esse é o método do progresso no conhecimento — se o desconhecido não tivesse nada a ver com o conhecido, se o desconhecido não tivesse nenhum parentesco com o conhecido e lhe fosse absoluta e essencialmente estranho? Quando dizemos que o mundo é cognoscível — isto é, que o conhecimento como tal existe — afirmamos, com isso mesmo, o dogma da unidade essencial do mundo. Afirmamos que o mundo não é um mosaico no qual está incrustada uma pluralidade de mundos essencialmente estranhos uns aos outros, mas que se trata de organismo cujas partes são governadas pelo mesmo princípio, revelando-o e deixando-se reduzir a ele. O parentesco de todas as coisas e de todos os seres é a condição “sine qua non” de sua possibilidade de serem conhecidos. [M22AMT]