Passemos para a segunda palavra latina que teve função importante nas crenças populares romenas: “Diana”. A história dessa deusa na antiga província da Dácia (a região cárpato-danubiana habitada atualmente pelos romenos) pode esclarecer de maneira não esperada o desenvolvimento da bruxaria europeia de modo geral. Com efeito, entre os povos europeus de línguas neolatinas – italiano, francês, espanhol e português – pode-se suspeitar que as referências medievais a crenças e rituais em honra a Diana, de modo geral, refletem as ideias de monges cultos familiarizados com fontes escritas latinas. Tal suspeita se desfaz no caso da história de Diana, entre os romanos. O próprio nome da deusa tomou-se, em romeno, zína (dziana), com o significado de “fada”. Há, além disso,outra palavra da mesma raiz, zínatec, com o significado de “aquele(a) que é estouvado, desmiolado ou louco”, ou seja, “tomado” ou possuído por Diana ou pelas fadas. É bastante provável que o nome Diana tenha substituído o nome local da deusa autóctone trácio-gética. De qualquer modo, é indubitável a antiguidade dos rituais e crenças relacionados com a Diana romena.
Quanto às zine, as fadas que demonstram em seu próprio nome a descendência de Diana, caracterizam-se por ter uma personalidade bastante ambivalente. Elas podem ser cruéis e, por esse motivo, é mais seguro não pronunciar o seu nome. Costuma-se referir a elas como “As Sagradas”, “As Munificentes”, “As Rosalia” ou simplesmente, “Elas” (iele). As fadas são imortais, mas têm a aparência de lindas jovens, travessas e fascinantes. Vestem-se de branco, com o seio nu, e são invisíveis durante o dia. Dotadas de asas, voam pelos ares, especialmente durante a noite. Gostam de cantar e dançar e o local onde dançam parece queimado pelo fogo. Elas causam doenças nas pessoas que as veem dançar ou que não respeitam certar interdições. Entre as doenças mais comuns causadas pelas fadas estão as afecções psicomentais, o reumatismo, a hemiplegia, a epilepsia, a cólera e a praga. [Eliade]