Nome grego das Fúrias, demônios ctonianos que, assim como as Harpias (Górgonas), adotavam a forma de cães e de serpentes. As Erínias eram os instrumento» da vingança divina para castigar os erros dos homens, que elas perseguiam, semeando-lhes o medo no coração. Na Antiguidade, já eram identificadas à consciência. Interiorizadas, simbolizam o remorso, o sentimento de culpa, de autodestruição daquele que se abandona ao sentimento de um pecado que considera inexpiável.
Assim como as Moiras (o destino), elas eram originalmente guardiãs das leis da natureza e da ordem das coisas (física e moral), e por isso puniam todos aqueles que ultrapassassem seus direitos à custa dos de outrem, quer entre os deuses, quer entre os homens. Só mais tarde viriam a tornar-se especificamente as divindades vingadoras do crime.
Essa evolução corresponde à da consciência que, de início, tolhe e proíbe, e em seguida condena e destrói. Podem transformar-se em Eumênides, divindades favoráveis e benévolas, quando a razão, simbolizada por Atena (Minerva), leva a consciência mórbida aplacada a uma apreciação mais equilibrada dos atos humanos. (Jean Chevalier)
Eumênides. Figuras lendárias, sistematicamente opostas às Erínias: se estas últimas representam o espírito vingativo, o gosto pela tortura e pelo tormento aplicados como castigo por toda violação da ordem, as Eumênides encarnam o espírito de compreensão, de perdão, de superação e de sublimação. Essas imagens opostas e correlatas representam as duas tendências da alma pecadora, que hesita entre o remorso e o arrependimento. As Erínias simbolizam a culpa recalcada que se toma destrutiva, o tormento do remorso: as Eumênides representam essa mesma culpa, porém confessada, e que se torna sublimemente produtiva: o arrependimento liberador.
As Erínias são impiedosas: as Eumênides, benévolas, já na Antiguidade, os mesmos espíritos — protetores da ordem social e principalmente da ordem familiar, vingadores de crimes e inimigos da anarquia — eram chamados de Erínias ou Fúrias, quando sua cólera se desencadeava, e de Eumênides, quando se pretendia aplacá-los implorando-lhes a benevolência. Entretanto, essa última atitude pressupunha uma conversão interior que já significava, em si mesma, um retorno à ordem. (Jean Chevalier)
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