Quanto àqueles que demandam, eles se dividem em dois grupos: uns obedecendo a impulsão natural de apressar a obtenção (de uma coisa desejada), — pois “o homem foi criado apressado” (Corão, XVII, 12) — e os outros demandando porque sabem que há junto a Deus coisas que, segundo a Pré-ciência divina, só podem ser alcançadas em virtude de uma demanda; eles se dizem então: “Talvez aquilo que demando a Deus seja desta espécie”. Sua demanda toma em conta, de uma maneira global, modos possíveis da Ordem divina; eles não sabem aquilo que a Ciência divina implica, nem aquilo que resulta de sua pré-disposição (isti’dâd) a receber; pois é uma coisa das mais difíceis de conhecer a predisposição de um ser em cada instante singular (de sua vida); por conseguinte, se ele não estivesse predisposto a tal demanda, ela não demandaria. Quanto aos contemplativos que não conhecem sua predisposição, eles a reconhecem, no melhor dos casos, no instante mesmo que vivem; pois por seu estado de presença (hudur) (com Deus) sabem que eles só o recebem em razão de sua predisposição. Eles se dividem, por sua vez, em duas categorias: uns conhecem sua predisposição por aquilo que receberam; outros sabem aquilo que receberão em razão de sua predisposição; e é este último conhecimento que é o mais perfeito no interior deste grupo.
Ibn Arabi (SP) – Da sabedoria da inspiração divina no verbo de Seth §2
- Ibn Arabi (SP) – Da sabedoria divina no verbo adâmico §16
- Ibn Arabi (SP) – Da sabedoria divina no verbo adâmico §17
- Ibn Arabi (SP) – Da sabedoria divina no verbo adâmico §18
- Ibn Arabi (SP) – Da sabedoria divina no verbo adâmico §19
- Ibn Arabi (SP) – Da sabedoria divina no verbo adâmico §2
- Ibn Arabi (SP) – Da sabedoria divina no verbo adâmico §20
- Ibn Arabi (SP) – Da sabedoria divina no verbo adâmico §21
- Ibn Arabi (SP) – Da sabedoria divina no verbo adâmico §22
- Ibn Arabi (SP) – Da sabedoria divina no verbo adâmico §3
- Ibn Arabi (SP) – Da sabedoria divina no verbo adâmico §4