Primazia intelectual e existencial do Espírito
Os argumentos extrínsecos contribuem a provar, a título de pontos de referência ou chaves, a primazia intelectual e existencial do Espírito, mas nós não temos nenhuma necessidade destas provas, tornamos a dizer uma vez mais; se há gente para a qual a sombra de um gato não prova a presença de um gato real, ou para quem o ruído de uma queda d’água não prova a proximidade da água, isto não significará que nosso conhecimento deste animal ou desta cascata depende forçosamente ou exclusivamente da sombra ou do ruído. Nosso axioma, é por um lado que tudo aquilo que existe se encontra inscrito a priori na substância teomórfica de nossa inteligência, — não há consciência integral que não prolongue a Consciência absoluta, — e por outro lado que a atualização intelectual do real ou do possível é função, seja da perfeição de nossa natureza, seja de um fator externo que põe em valor esta perfeição ou que a realiza se ela é parcial; um fator tal qual a Revelação ou, de um modo mais particular, tal qual uma experiência provocando a recordação arquetípica da qual falava Platão.