A ciência é redutora, a gnose é integradora (Abellio)

(Abellio, Serant1955)

Se a gnose, assim como a ciência positiva, utiliza o instrumento do discurso e pretende assim ser comunicável, em que ela se diferencia da ciência? Sobre este ponto capital, só poderemos trazer aqui afirmações demasiado categóricas, mas a coleção “Correspondências” foi justamente criada para explorar esta distinção e explicitar seu sentido.

A visão do mundo proposta pela ciência opera em modo de sucessão, enquanto a da gnose opera em modo de simultaneidade. Para a gnose, não há seres ou fenômenos separados: a separação é fruto de um estado provisório da visão, de uma redução abstrata que deve ser completada por uma integração. A ciência é redutora, a gnose é integradora. Como já escrevia Descartes: “Não se deve considerar uma só criatura separadamente quando se pesquisa se as obras de Deus são perfeitas, mas sim todas as criaturas juntas: pois o que poderia parecer muito imperfeito se considerado isolado, revela-se perfeitíssimo em sua natureza quando visto como parte deste universo todo” (Meditações Metafísicas).

 

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