Abellio (FE) – O objetivo do esoterismo

Minha tese geral pode ser resumida em algumas proposições:

1. O esoterismo tradicional é ao mesmo tempo uma doutrina e uma praxis. Ele implica para o conjunto do ser, corpo, alma e espírito em conjunto, uma forma fundamentalmente ‘diferente’ de existência e deve então ser destacado: de um lado, da erudição, atividade somente do intelecto; de outro, do ocultismo, prática desprovida dos parâmetros intelectuais e espirituais da doutrina.

2. A tradição primordial foi concedida aos homens de uma só vez, de forma completa, mas velada. Ou melhor, os homens que a receberam não dispunham ainda dos meios intelectuais necessários para traduzi-la em noções claras.

3. Essa tradição representa uma metafísica e não uma moral.

4. É a nós, homens de hoje, que cabe explicitar a tradição passando de uma simples ‘participação’ a um verdadeiro ‘conhecimento’. Essa passagem da mística à gnose não se mostra linear, mas dialética. Nesse sentido, implica-se-lhe uma primeira distinção essencial entre a alma e o espírito (o primeiro Adão, segundo são Paulo, era alma viva e o último será espírito vivificante), chamando imediatamente uma segunda entre a razão natural e a razão transcendental, ou, se se prefere, entre o intelecto e a inteligência, o ‘mental’ e o ‘supramental’, a inteligência da cabeça e a inteligência do coração, para que proceda à reunificação dos antigos poderes da alma e dos novos poderes do espírito.

5. O problema-chave do esoterismo ao mesmo tempo que seu objetivo é a transfiguração do mundo no homem. Esse é também o problema da ‘segunda morte’.

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Raymond Abellio