Alma do Mundo

ALMA — ALMA DO MUNDO

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VIDE: Alma do Mundo; Alma do Mundo

Segundo Pierre Riffard, a Alma do Mundo é o princípio motor (princípio de movimento; vide prima causa) e plástico (princípio de variedade) da natureza inteira à qual dá unidade, vida e psiquismo.

Pode-se concebê-la como os panteístas identificando-a a deus, ao Princípio (estoicos, Cardan, etc), ou como os gnósticos, um intermediário entre o sensível e o inteligível (o demiurgo de Platão, a Terceira Hipóstase de Plotino, o mediador plástico de sofia:Cudworth, etc.). Os Upanixades identificam a Alma do Mundo a Vishnu.

A Alma do Mundo não se confunde com o Espírito do Mundo. Assim Platão sustenta que o Demiurgo (figura mítica da Alma do Mundo) criava segundo um modelo, O Vivente absoluto (o mundo das Ideias) (sofia:Timeu 31b); o Ismaelismo apresenta Ali como o intelecto universal, o Espírito do Mundo encarnado, e Maomé como o pensamento universal, a Alma do Mundo encarnada. O Espírito do Mundo é o princípio de vida e de inteligência da natureza inteira. «O Espírito de Deus pairava sobre a face das Águas» (Gen 1,2). sofia:Comenius confunde os dois.

A concepção de uma Alma do Mundo, tão estranha à primeira vista para o pensamento moderno, segundo Joseph Moreau, é característica da física platônica, e depois de um certo eclipse em Aristóteles, reapareceu no pensamento estoico. Estes três grandes sistemas de pensamento da Antiguidade são igualmente finalistas: mas a finalidade, que se exprime no primeiro e no último pela concepção da Alma do Mundo, se traduz no segundo pela aspiração de todo o Universo em direção ao Pensamento puro.


Mirko Sladek: Excertos de “A ESTRELA DE HERMES, FRAGMENTOS DE FILOSOFIA HERMÉTICA”

A alma era considerada por Platão como a circunscrição (espacial) do corpo. Duas passagens do Timeu descrevem uma curiosa ação espacial da alma do mundo: elas representam o cosmo sob a forma de um corpo esférico com duas órbitas, o equador celeste e a eclíptica:

El dios eterno razonó de esta manera acerca del dios que iba a ser cuando hizo su cuerpo no sólo suave y liso sino también en todas partes equidistante del centro, completo, entero de cuerpos enteros. Primero colocó el alma en su centro y luego la extendió a través de toda la superficie y cubrió el cuerpo con ella. Creó así un mundo circular que gira en círculo, único, solo y aislado, que por su virtud puede convivir consigo mismo y no necesita de ningún otro, que se conoce y ama suficientemente a sí mismo. Por todo esto lo engendró como un dios feliz. (sofia:Timeu 34b)

Una vez que, en opinión de su hacedor, toda la composición del alma hubo adquirido una forma racional, éste entramó todo lo corpóreo dentro de ella, para lo cual los ajustó reuniendo el centro del cuerpo con el del alma. Ésta, después de ser entrelazada por doquier desde el centro hacia los extremos del universo y cubrirlo exteriormente en círculo, se puso a girar sobre sí misma y comenzó el gobierno divino de una vida inextinguible e inteligente que durará eternamente. Mientras el cuerpo del universo nació visible, ella fue generada invisible, partícipe del razonamiento y la armonía, creada la mejor de las criaturas por el mejor de los seres inteligibles y eternos. (sofia:Timeu 36e)

A alma do mundo, esta anima mundi mais tarde tão mencionada nos textos alquímicos, possui duas propriedades principais:

  • ela é espacial, quer dizer extensa, ela “fecha” o espaço e, em cada caso singular, cada um dos corpos. Esta alma — que Platão e também os pitagóricos consideram ao mesmo tempo como “número” — encontra assim, na geometria cósmica como “forma” da natureza, na geometria terrestre como forma arquitetural e número, o papel que lhe convém.
  • mas ela é também ao mesmo tempo, o princípio do movimento, que os corpos sejam movidos “de dentro” ou “de fora” (para os corpos que não portam em si mesmos o princípio de seu movimento, mas são postos em movimento pelos outros corpos animados).

    É em razão desta faculdade que os filósofos herméticos consideram a anima mundi como o veículo da transmutação dos metais.


    René Guénon: ANIMA MUNDI

    Yves Albert Dauge Virgílio, Mestre de Sabedoria
    A Alma do Mundo é um conjunto de Energias divinas, de Poderes mediadores, que abrem no cosmo para lhe dar a Vida e o orientar para a Luz. Ela é ao mesmo tempo Vontade demiúrgica, Sabedoria construtora, inspiração “sofiânica” (como denomina Henry Corbin). Ela aparece sob muitos traços na epopeia virgiliana: Anquise a nomeia spiritus ou mens (IV,726-7); o círculo das divindades do Olimpo lhe correspondem frequentemente (VI, 782, 834; VIII, 533); ela se deixa reconhecer nas qualidades, nas intenções ou nos gestos de Júpiter, de Apolo, de Vênus, de Vulcano, de Mercúrio; o “sol místico”, é ela; o Éter, é ela; e os fatorum arcana (I, 262) são a expressão de seus desígnios.

    Esta Alma do Mundo tem como intermediário principal para a terra uma espécie de “confraria oculta”, fundamental e permanente, cuja vocação espiritual é imutável, e que se mantém acima da história. Henry Corbin, em TEMPLO E CONTEMPLAÇÃO, nos dá interessantes indicações a este respeito. Estes grandes Iniciados, estes Sábios ocultos, no contexto que nos ocupa, são os guardiões da “Imago Romae” e, para os romanos, os canais da “Imaginação criadora”, os dispensadores das Ideias-Força e das Energias a manifestar. Eles estão figurados na Eneida por personagens em relação com o Elysium: A Sibila de Cumes, Anquise “angelizado”, Orfeu, os filhos de Júpiter, os fiéis de Apolo,… e Eneias depois de sua assunção.

  • Perenialistas – Referências