Laleh Bakhtiar — A Psicoética Tradicional e o Paradigma da Personalidade
Excertos do primeiro livro da trilogia de estudo do Eneagrama na tradição sufi: Traditional Psychoethics and Personality Paradig publicado pelo The Institute of Traditional Psychoethics and Guidance, em 1993.
Segundo a apresentação do livro esta obra é revolucionária em termos de teoria da personalidade, apresentando o conceito de psicoética pela primeira vez no Oeste. O autor desenvolve a topografia, estrutura e dinâmica do paradigma da personalidade monoteística, assim como sua teoria de desenvolvimento e aprendizado. Psicoética é também a origem do Eneagrama.
Prefácio
O paradigma da personalidade é essencialmente aquele do monoteísmo e unidade, a visão do mundo que “não há deus, mas Deus” ou “não há deidade, mas Deus”. É ver o universo e tudo que nele como aspectos do Deus Único. A visão de mundo do monoteísmo (tawhid) forma a base subjacente para a psicoética, em geral, e seus paradigma da personalidade, em particular. O monoteísta (Hanif) olha todo o universo como uma unidade, como uma forma simples, uma única coisa viva e consciente, possuindo vontade, inteligência, sentimento e finalidade, circulando em um sistema ordenado e justo no qual não há discriminação não importa gênero, cor, raça, classe ou fé. Tudo vem de Deus e retorna a Deus, enquanto um politeísta (mushrik) vê o universo como uma composição discordante cheia de desunidade, contradição e heterogeneidade contendo muitos pólos independentes e conflitantes, desejos desconexos, costumes, finalidades, vontades, sexos, seitas, cores, raças, classes e fés.
A perspectiva monoteística do mundo vê a unidade universal na existência, a unidade de três relacionamentos separados: o eu e Deu, o eu e a natureza, incluindo outros seres humanos, e o eu e eu. Estes relacionamentos não são estranhos entre si; não há fronteiras entre eles. Movem na mesma direção. Outras perspectivas religiosas do mundo vêem a Divindade ou mesmo sua pluralidade como existindo em um mundo de deuses, metafísico e especial; um mundo superior em contraste como o mundo inferior da natureza e da matéria. Ensinam que Deus é separado do mundo, tendo o criado e deixado por si mesmo. Na perspectiva monoteística da visão do mundo, Deus nunca deixou sua criação e é a meta do retorno do eu. Aqui o eu teme apenas o Poder e só responde a um Juiz; volta-se para uma direção (qiblah), dirigindo esperanças e desejos apenas para uma Fonte. Uma crença no monoteísmo dá ao eu um sentido de independência e liberação de tudo mais que não Deus e uma conectividade ao universo e a tudo que contém. Submissão apenas à Vontade de Deus libera o eu da idolatria do que seja outro que Deus e da rebeldia contra o que se passa por ser Deus.
O Círculo da Grande Jihad de Renovação-de-si-mesmo
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Assim como números e geometria são significantes na Criação baseada no Signo, “Só o enviamos em medidas conhecidas” (Corão 15,21), eles também formam a base para renovação do eu na realização da perfeição da natureza em seu modo de operação dentro do eu.
0 — A Divina Essência é simbolizada pelo zero no sentido que é acima do conhecido.
1 — O ponto (um) gera o Círculo da Renovação-de-si da Grande Jihad, simbolizando um, unidade, princípio e origem de todos os números. O ponto também simboliza a centralidade do eu na Justiça quando o eu:
*recebeu a Assistência Divina
*alcançou Equilíbrio em Sabedoria, Coragem e Temperança
*beneficiou outro ser humano por causa de seu Equilíbrio-de-si
2 — O ponto move e gera a linha que então forma o segmento
3 — A divisão tríplice do círculo divide o eu em três partes básicas que operam e seis diferentes níveis:
*Nível 1 — Espiritual/Biológico: Espírito Divino — Preservação do Indivíduo — Preservação da Espécie
*Nível 2 — psicológico (1): Intelecto (nous) — Fuga da dor (penthos) — Atração pelo prazer (hedone)
*Nível 3 — Psicológico (2): Cognição — Comportamento — Afeto/Emoção
*Nível 4 — Fisiológico: Fonte de Energia: Cérebro — Coração — Fígado (gut)
*Nível 5 — Cognitivo: Capaz de consciência — Pré-consciência — Inconsciência
*Nível 6 — Psicoética: Sabedoria — Coragem — Temperança
4 — O centro do Nível 6 marca o centro de um triângulo simbolizando justiça, o traço positivo que se desenvolve quando o eu está equilibrado nos outros três traços. Isto forma, então, um triângulo dentro da tríplice divisão onde a justiça fica ao centro. Este quatro traços positivos simbolizam a psicoética dada ao eu pela natureza em seu modo de operação. O fato de estarem equilibradas é simbolizado pelo (*). Centralidade tem lugar quando o traço positivo, simbolizando o movimento para o centro, de cada um dos três segmento, está em seu respectivo centro.
7 — O movimento de modificação, crescimento e restauração da saúde é indicado pelo número 7 como o símbolo do movimento no universo e renovação dentro do eu. O eu, como foi mostrado, consiste de três sistemas psicológicos básicos: cognitivo, comportamental e afetivo. O eu psicoeticamente tem quatro traços positivos básicos: Sabedoria, Coragem, Temperança e Justiça. Quando a unidade (1) é dividida por 7, um dízima periódica é obtida que é indicada no símbolo do Grande Jihad pela linha em movimrnto: 1,4,2,8,5,7 e de vota par o 1. Não há 3, 6 ou 9, neste percurso. Os mesmo números são obtidos com 1/7 + 1/7 + … r assim por diante seis vezes. Os números são os mesmos, mas se apresentam em ordem diferente. Embora não haja 3, 6 ou 9, o movimento da linha passa através dos traços positivos nas extremidades do triângulo localizado no centro, denominado (*9), (*6) e (*3).
9 — Através do processo de nutrição, cada um dos três traços positivos da natureza pode desenvolver um desequilíbrio. Este desequilíbrio é de dois tipos: um desequilíbrio em quantidade do traço positivo ou na qualidade. Um desequilíbrio em quantidade desenvolve-se em duas condições e o em qualidade, em termos do traço positivo, desenvolve em uma condição. Eles são:
*desequilíbrio em quantidade:
** (+) Superdesenvolvimento ou
** (-s) Subdesenvolvimento
*desequilíbrio em qualidade:
** (o) não desenvolvimento.
Estes se apresentam na circunferência do círculo, cada vez mais distantes do traço positivo no centro Embora os traços negativos que se desenvolvam sejam inumeráveis, os mais crônicos são descritos em psicoética como exemplos. Deve-se notar que todos os três desequilíbrios são traços negativos pois são em excesso da moderação, fora do Via Reta. o9, o6 e o3 indicam um desequilíbrio em termos de qualidade do traço positivo e, portanto, caem fora do círculo de renovação de si mesmo.
*Sistema Cognitivo: traço positivo é sabedoria (*9):
** -8: pré-consciência (saber que não se sabe)
** +1: superconsciência (saber mas enganando o eu)
** o9: Inconsciência (não saber e não saber que não se sabe)
*Sistema Comportamental: traço positivo é Coragem (*3):
** -2: Covardice
** +4: Cólera excessiva
** o3: Medo do Outro que Deus
*Sistema Afetivo; traço positivo é Temperança (*6):
** -5 Apatia (vide apatheia)
** +7 Luxúria excessiva (vide porneia)
** o6 Tristeza/Inveja (vide lype)
3 6 9 — 3, 6 e 9 são números que não aprecem no movimento de mudança da linha, no entanto desempenham um papel significante na renovação-de-si. Eles simbolizam a privação de um traço positivo simbolizado pelo (o) quando caem fora do círculo de renovação-de-si assim como o traço positivo ele mesmo (*). Eles são números significantes para a unidade porque também produzem dízimas periódicas: 1 dividido por 3 = .333 ou 1/3. 1/3 + 1/3 = 2/3 = .666; .666 + .333 = .999
Quando o terço final é adicionado, o resultado são repetições infintas de noves. Noves recorrentes se torna o símbolo da unidade do eu, que não importa o nível de perfeição que alcance em seu modo de operação, ainda é imperfeito em relação ao Criador. 3, 6 e 9 simbolizam os níveis mais elevados dos traços de equilíbrio e centralidade (*) assim como de privação dos traço positivo em termo de qualidade (o). Como traços negativos (o), caem fora do círculo do eu como subdesenvolvimento do traço positivo.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 — O círculo completo (imagem acima) de Renovação de Si Mesmo demonstra os aspectos da natureza/nutrição do eu. O eu é ou centrado nos traços positivos, tendo completado a Fase I da Grande Jihad e pronto para Fase II ou descentrado e fora de sincronia, neste caso necessitando de métodos de restauração do eu saudável.
Visão Geral
Parte 1 O Tradicional Paradigma da Personalidade
*Topografia
*Estrutura
*Dinâmica
Parte II Teoria do desenvolvimento e do aprendizado
*Desenvolvimento evolutivo do Eu
*Teoria do aprendizado
Parte III
*Pesquisa e Avaliação
Parte IV
*Conclusão