Bosch Caminhante

A CARROÇA DE FENO — CAMINHANTE

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O CAMINHANTE
Quando as portas se fecham vemos a quintessência do que nos reserva no interior do retábulo. Bosch retraça o caminho no qual avança a humanidade, insistindo no percurso já cumprido. É o homem só e único, lançado a seus próprios recursos, que deve se esforçar por percorrer todo este caminho. Bosch vê o homem como um errante pobremente vestido que se curva sob o peso de sua mochila, uma mochila que contém todas as misérias do mundo. No plano de fundo, acima da cabeça do viajante, se eleva o Calvário e suas forcas, evocando claramente o mistério do Golgotha que todo homem deve guardar sempre em vista se não quer perder o bom caminho. A sua esquerda, reinam a matança e a violência enquanto à sua direita, esqueletos nos anunciam de maneira condensada o conteúdo das imagens pintadas no interior do retábulo. Que o homem representando a humanidade em marcha esteja bem plantado no centro do exterior das portinholas do retábulo não é um acidente. O Mal materializado por este cão raivoso tenta atrair a atenção sobre ele e distrair assim o viajante do caminho que deve seguir. Ele pode disto se defender batendo sua vara. A passarela conduzindo ao caminho do futuro é certamente balançante mas certamente atravessável. Incumbe a cada homem conduzir ele mesmo o combate da vida, tal como este caminhante lançado a sua sorte e que resume para nós a meditação à qual este altar quer nos conduzir.