Categoria: Jean-François Duval
-
Duval (HZEN:35-36) – deixar-ser
Foi difícil fazer com que o eu se afastasse de si mesmo, para voltar a se concentrar na produção pura que o leva a ser, a crescer e a se transformar, o que a produção da Ideia do Mundo sinaliza fundamentalmente. Foi difícil obter a consciência puramente reflexiva da Panrealidade, por meio da qual a…
-
Duval (HZEN:27) – a noção de mundo
— “A noção de ‘mundo’ deve significar algo diferente da totalidade do que existe e está sempre disponível para nós no mundo.” (Heidegger, O que é metafísica) “Algo mais. Fora dos mapas. Fora dos eventos identificados por datas “históricas” ou análises sociológicas. Fora das relações econômicas ou políticas. Fora. “Outra coisa. O mundo. O “mesmo”…
-
Duval (HZEN:28) – transcendência
— A transcendência, na aceitação esclarecedora e designativa de seu significado, expressa (meint) algo que pertence, por direito próprio, à situação em questão (Dasein) do ser humano, e isso não como um comportamento possível entre outros, nem como uma atitude que seria realizada de tempos em tempos, mas como a constituição fundamental (Grundverfassung) deste existente,…
-
Duval (HZEN:28) – mundo, totalidade dos fenômenos
Antes de qualquer ponto de referência geográfico, histórico, econômico ou político, os seres humanos tomam sua identidade da abertura fundamental que os define, deportando seu olhar para seu maior tormento, “isso” que acreditam poder chamar o “mesmo” mundo. “O mundo que transcende todos os ambientes, que transcende todas as determinações reificantes do olhar. Não “outro”…
-
Duval (HZEN:28) – O “mesmo” Mundo é a Terra
O “mesmo” Mundo é a Terra Desconhecida (transzendent) para qual se orienta a abertura desejante (transzendenze) que de-fine o fundo do ser humano, a “natureza” humana. Este polo da Ausência, esta Terra desconhecida, permanece conhecida por meio do olhar enganador que os seres humanos têm sobre seu ambiente, sobre os fenômenos conhecidos que os cercam.…
-
Duval (HZEN:29) – retiro do Mundo
— O fato de o mundo não se manifestar como tal é, além disso, necessário para que as realidades disponíveis continuem a ser levadas em consideração. É precisamente essa não-manifestação do mundo que constitui a estrutura fenomênica da realidade fundamental deste vivente.” (Heidegger, Sein und Zeit) O retiro do mundo para o qual a Ideia…
-
Duval (HZEN:29) – “algo” (Etwas) e “isto em que” (Worin)
— “O mundo é, portanto, algo, ‘no qual’, o ser humano (Dasein) como vivente (als Seindes) já estava, ao qual ele (es) pode retornar assim que se voltar expressamente para qualquer coisa.” (Heidegger, Sein und Zeit) A brecha que a Ideia do Mundo abre entre os fenômenos que se dão e o que se retira…
-
Duval (HZEN:37-38) – “Acima da realidade permanece a possibilidade”
Assim, disposto pela Panrealidade a ser sua consciência no jogo duplo de um anúncio tácito, o ser humano, longe de ser aniquilado no impasse obsessivo de um Inevitável, redescobre a Força pura e gentil que o chama a ser, a produzir, a irromper, a abundar. O índice do Ser, que o poder oculto tem à…
-
Duval (HZEN:29-30) – ser humano, realização da Realidade
— Ó meus bons amigos, o que há para wu (de (wu-nien, inconsciência) que deva negar? E o que há para nien que deva estar ciente? Wu significa negar a noção de duas formas (dualismo) e livrar-se de uma mente preocupada com coisas, enquanto nien significa tornar-se consciente da natureza original da Realidade (tathata); pois…
-
Duval (HZEN:31) – meditação zen
Ouçamos Musô (1275-1351), um mestre que se converteu ao Zen aos 20 anos de idade (em 1294) depois de testemunhar a morte horrível de um estudioso budista que havia passado a vida dando sermões sobre esoterismo e Tendai sem, no entanto, obviamente ter encontrado a paz. — Algumas pessoas nunca se esquecem da Meditação na…
-
Duval (HZEN:45-46) – caráter próprio do ser humano: ouvir – dizer
Tanto em sua definição comum quanto em sua definição filosófica, a realidade humana, ou seja, “aquilo que fundamentalmente torna o homem humano”, é determinada como “zoon logon echon”: o ser vivo cujo modo de ser deve ser essencialmente concedido à capacidade de dizer. O “legein” é o fio condutor que nos permite tornar nossos os…
-
Duval (HZEN:37) – “eu” apenas um fantasma
— O ‘eu’ é apenas um fantasma criado pela união dos cinco skandhas e uma fantasmagoria não tem nada a ver com a realidade absoluta. Os cinco skandhas são — rupa : forma ou materialidade ; — vedâna : sensação ; — samjnâ: percepções, conceitos; — samskâras: tendências e potencialidades da mente, pensamentos, mentalidades, as…
-
Duval (HZEN:36) – “eu” sem forma
— O verdadeiro “eu” é o “eu” sem forma que transcende todas as formas, tanto materiais quanto espirituais. É o “eu” que não é restringido por formas e, portanto, manifesta livremente todas as formas. Pelo contrário, está sempre livre de todas as formas enquanto as manifesta. (P. Shibata) A abertura da realidade humana à Panrealidade…