Categoria: Mark Dyczkowski

  • Dyczkowski (MDDV:71) – ser/estar-ciente

    O ser/estar-ciente serve para relacionar a objetividade com a subjetividade de tal forma que o objeto acaba por repousar no ser/estar-ciente-de-si do sujeito. Na realidade, ser/estar-ciente reflexivo é sempre ser/estar-ciente do “eu” (ahaṃvimarśa); nunca se objetiva, mesmo quando, na forma de ser/estar-ciente de “isto” (idaṃvimarśa), reflete sobre o objeto. A experiência que temos de coisas…

  • Dyczkowski (MDDV:36-37) – Brahman

    O caráter indeterminado e impensável do Brahman é uma consequência da natureza eterna e imutável do absoluto. Admitir a existência de um universo real é, do ponto de vista do Vedāntin, postular a existência de uma realidade à parte do Brahman. Tampouco podemos simplesmente identificar um universo real com o absoluto, a menos que estejamos…

  • Dyczkowski (MDDV:79-80) – criação e maya

    Quando o poder da ser/estar-ciente (awarenesss) dá origem a um senso de separação entre sujeito e objeto, com todas as limitações consequentes que impõe a si mesmo, este poder é chamado de ‘Māyā’. Como Māyā, encobre a consciência (consciousness) e obscurece o ser/estar-ciente do sujeito individual de sua unidade essencial. Enquanto o Vedānta não dualista…

  • Dyczkowski (MDJWT:13) – O Si-mesmo enquanto Brahman (Si-cum-Brahman)

    Embora os Upaniṣads já tivessem proclamado a unicidade do Ser — Ātman — e do Absoluto — Brahman — séculos antes, a formulação dessa identidade fundamental dessa maneira é verdadeiramente única na história do pensamento indiano. Patañjali ensina em seu Yogasūtra que o objeto de concentração mais elevado e sutil é o sentido de “eu-dade”…

  • Dyczkowski (MDDV:41-42) – Um-Muitos

    A realidade única se manifesta tanto como unidade quanto como diversidade. Não pode haver unidade real a menos que os diversos elementos estejam unidos na totalidade da totalidade. Por outro lado, sem unidade, a diversidade seria ininteligível. Uma dispersão total de elementos não constitui diversidade, mas um número de unidades únicas e não relacionadas. Assim…

  • Dyczkowski (MDDV:40-41) – paixões e desapego

    A involução dos fenômenos e sua reassimilação no absoluto não são suficientes. O verdadeiro conhecimento e o perfeito desapego só podem ser alcançados quando percebemos que o universo é a expansão (vikāsa) do vazio absoluto de conteúdo (śūnyarūpa). A vontade absoluta (icchā) é a força motriz por trás dessa expansão cósmica. É a intenção pura…

  • Dyczkowski (MDDV:17-19) – Filosofia do Reconhecimento

    Pratyabhijnā (Filosofia do Reconhecimento) representa a expressão mais completa do monismo Śaiva, sistematicamente elaborada em uma teologia racional de Śiva e na filosofia da consciência absoluta com a qual é identificado. O Pratyabhijnā leva o nome das Estrofes sobre o Reconhecimento de Deus (Īśvarapratyabhijnākārikā) escritas por Utpaladeva no início do século X. Utpaladeva entendia que…

  • Dyczkowski (MDDV:notas) – Xivaísmo da Caxemira

    O termo “Xivaísmo da Caxemira” pode ser enganoso. O Xivaísmo monista que geralmente indicamos com esse termo não era a única forma de Xivaísmo na Caxemira, nem estava totalmente confinado à Caxemira. Os estudiosos souberam pela primeira vez da existência de uma forma distinta de teologia Śaiva predominante na Caxemira quando a obra do século…

  • Dyczkowski (MDDV:77-78) – Ser e Devir

    Vimos como o caráter dinâmico (spanda) da consciência absoluta é a sua liberdade de assumir qualquer forma à vontade por meio da diversificação ativa da consciência (vimarśa) no tempo e no espaço, quando é direcionada para o objeto da consciência e assume a forma dele. O movimento da consciência absoluta é um movimento criativo, uma…

  • Dyczkowski (MDDV:20-22) – Doutrina da Vibração (Spanda)

    Assim como a escola Pratyabhijnā recebeu o nome das Estrofes sobre o Reconhecimento de Deus, de Utpaladeva, a escola Spanda recebeu seu nome de um de seus textos raiz, a saber, Spandakārikā, as Estrofes sobre Vibração. A filosofia da Pratyabhijnā se concentra no reconhecimento libertador da identidade autêntica da alma como Śiva, enquanto a (21)…

  • Dyczkowski (MDDV:39-40) – Finito e Infinito

    O Novo Caminho (navamārga) ensinado na doutrina Kashmiri Śaiva é a transcendência por meio da participação ativa. Não é a liberdade “de”, mas a liberdade “para”. O desejo não é negado, mas aceito em um nível mais elevado como a pura vontade ou liberdade (svātantrya) do absoluto. O desejo deve ser eliminado somente se for…

  • Dyczkowski (DMDV:24) – Spanda

    Spanda é a pulsação espontânea e recorrente do absoluto objetivamente manifesto como o ritmo do surgimento e da diminuição de cada detalhe da imagem cósmica que aparece em sua extensão infinita. Ao mesmo tempo, Spanda é a vibração universal interna da consciência como sua perceptividade pura (upalabdhŗta), que constitui igualmente sua subjetividade cognoscente (jñātŗva) e…

  • Dyczkowski (MDDV:46-47) – Idealismo do Xivaísmo

    A interioridade (antaratva) é a tônica tanto da metafísica quanto da prática xivaísta da Caxemira: é uma “doutrina que sustenta que tudo é interno” (antarārthavāda). Tudo, de acordo com essa visão, reside em uma consciência absoluta. Ela é a grande morada do universo. Plenitude (pūrna) de todas as coisas, sustenta todas e as envolve em…

  • Dyczkowski (MDDV:69-70) – vimarsa

    Como vimos, o absoluto é a luz da consciência (prakāśa) porque torna todas as coisas manifestas ao brilhar em sua forma universal. Os fenômenos que aparecem no campo da consciência são experimentados diretamente dessa forma no instante inicial da percepção, quando ainda estão em harmonia com o sujeito que percebe. A luz da consciência é,…

  • Dyczkowski (MDDV:37-39) – absolutez do absoluto

    O Śaiva absolutista rejeita qualquer teoria que sustente que o universo é menos do que real. Do seu ponto de vista, uma doutrina de duas verdades, uma absoluta e outra relativa, põe em risco o próprio fundamento do monismo. A abordagem Śaiva da Caxemira é integral: tudo tem um lugar na economia do todo. É…

  • Dyczkowski (MDDV:43-45) – Consciência no Xivaísmo

    O Xivaísmo iguala o absoluto totalmente à consciência. A realidade é somente a consciência pura (samvid). Consciência e Ser são sinônimos. Experimentar a identidade essencial entre eles é desfrutar da bem-aventurança (ānanda) da realização. O vedantino advaita sustenta que, em um sentido primário, a realidade não pode ser caracterizada de nenhuma maneira específica, mas afirma…

  • Dyczkowski (MDDV:33-34) – Metafísica

    Na Índia, a metafísica serve como uma estrutura teórica que sustenta um corpo de disciplina espiritual; nunca é apenas uma especulação abstrata. Mais do que uma opinião fundamentada, indica a atitude do buscador em relação à sua própria experiência, uma atitude que forma o caminho que trilha para a salvação. Quando o buscador age de…

  • Dyczkowski (MDDV:45-46) – Deus

    Dinâmico e criativo, esse poder divino é Spanda — a vibração da consciência. Sua atividade universal é a base do status de soberania divina de Shiva. De fato, Spanda é a natureza mais essencial de Shiva, pois sem ela Ele não seria Deus. Como diz Kşemarāja: Assim, Deus (bhagavat) é sempre o princípio Spanda com…

  • Dyczkowski (MDDV:48-50) – Consciência e Universo

    Universo e consciência são dois aspectos do todo, assim como qualidade e substância constituem dois aspectos de uma única entidade. Universo é um atributo (dharma) de consciência que o porta (dharmin) como sua substância. Diz-se que a “substância” é o repouso no qual todo esse grupo de categorias se manifesta e se torna efetivo. Agora,…

  • Dyczkowski (MDDV:71-73) – cognição

    A cognição seria impossível se a consciência fosse incapaz de realizá-la. Essa capacidade é o ser/estar-ciente reflexivo que tem de si mesmo como pura consciência do “eu”. Quando é condicionada pelo objeto de conhecimento, que, por sua vez, é condicionado pelas forças e leis que governam o universo físico (todos os quais são aspectos do…