Categoria: Xivaísmo de Caxemira
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Jaideva Singh (JSSK:xvi-xvii) – Spanda
Spanda é uma palavra muito técnica desse sistema. Literalmente, é algum tipo de movimento ou pulsação. Mas, quando aplicada ao Divino, não pode significar movimento. Abhinavagupta deixa esse ponto luminosamente claro nestas linhas: “Spandana significa algum tipo de movimento. Se houver movimento da natureza essencial do Divino em direção a outro objeto, é um movimento…
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Alain Daniélou (ADSD:16) – princípio do Xivaísmo
O princípio do Shivaismo é que não há nada no universo que não faça parte do corpo divino, que não possa ser um caminho para o divino. Todos os objetos, todos os fenômenos naturais, plantas, animais, mas também todos os aspectos do homem podem ser pontos de partida para nos aproximar do divino. Não existe…
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Agamas
Os Âgamas (Tradições), que explicam as regras de conduta das seitas xivaítas e se referem a tradições que existem desde tempos imemoriais, são considerados, em seu conteúdo, se não em sua forma, mais antigos que os Vedas. Do ponto de vista de Shiva, são textos revelados, enquanto os Vedas são apenas escritos de origem humana.…
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Chinnaiyan (SRSL) – Shakti
Shakti: O Divino Feminino “Shakti” significa poder, energia ou dinamismo. Sem Shakti, não pode haver criação. Como a energia que mantém o cosmos unido, ela é o movimento das galáxias que cria novas estrelas e buracos negros. Como o fogo digestivo, ela transforma o alimento em nutrientes e força. No estado de vigília, ela aparece…
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Masson & Patwardhan (MPSA:vii) – Sāntarasa, experiência imaginativa da tranquilidade
Śāntarasa pode ser traduzida como “a experiência imaginativa da tranquilidade”. Essa é uma questão sobre a qual existe certa confusão. Tentamos mostrar neste volume com que frequência Abhinava se baseia em santarasa para sua maior contribuição à estética sânscrita, a teoria de RASA. Reduzida à sua essência, a teoria é a seguinte: para o leitor…
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Abhinavagupta (AGP) – Si Supremo (Bansat-Boudon)
26. Assim como o suco, a espuma desnatada, o açúcar granulado, o açúcar mascavo, o doce, etc., não são, em essência, nada além de cana-de-açúcar, também todas as formas são apenas diferentes estados do Si supremo, Śaṃbhu. Assim como a mesma essência da cana-de-açúcar (ikṣurasa) é (revelada nas) diferentes formas assumidas pela cana-de-açúcar, tais como…
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Abhinavagupta (APPA) – Curta Glosa da Tripla Soberana Suprema (Padoux)
Onde na Luz estão todas as luzes e na Escuridão todas as trevas, a essas luzes e a essas trevas, esplendor inigualável (anuttara), homenagem! No curso da verdadeira tradição, o Trika foi explicado de muitas maneiras, mas é (aqui), de acordo com Utpaladeva, que a essência dos Tantras é exposta. Sempre novo e secreto, antigo…
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Abhinavagupta: Tantraloka I – Estrofes Finais (Silburn)
330. O Si é luz consciente indivisível: é coextensivo com todas as energias. Escondendo sua própria grandeza, Ele parece cativo (baddha). Sua liberação resulta da manifestação de sua natureza essencial (svabhāva): a efusão luminosa do Si. Uma vez que (essa liberação) tem vários modos, assume várias formas: o objetivo deste (capítulo) foi descrevê-las brevemente. 331.…
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Abhinavagupta
Xivaísmo de Caxemira — ABHINAVAGUPTA ABHINAVAGUPTA viveu no final do século X e início do século XI próximo a Shrinagar, Índia. Teve numerosos mestres que lhe fizeram conhecer a doutrina dos Agama e suas diversas escolas, a maior parte sistemas da Índia e mesmo o budismo. Mas o mestre que venerava entre todos era Sambhunatha…
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Skora (KMSAG:1-2) – vimarśa
Há mil anos, na terra de montanhas, vales, riachos e cavernas da Caxemira, floresceu o visionário criativo Abhinavagupta (c. 975-1025 e.c.; doravante AG). Neste estudo, recuperarei os significados de um termo especial e incomum que serviu como pivô da teologia, cosmologia e soteriologia de AG, um termo que ele chama de “ser/estar-ciente reflexivo” (vimarśa). Esse…
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Peter Wilberg (PWEH) – único e singular Horizonte
O Ser de todas as coisas que são reconhecidas no ser/estar-ciente, por sua vez, depende do ser/estar-ciente. Abhinavagupta A metafísica suprema é “a metafísica do supremo” – daquele ser/estar-ciente único e singular que, em última análise, abrange todas as dimensões da realidade, desde o reino do Ser e da Atualidade até o do Não-Ser ou…
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Abhinavagupta (AGLT:86-87) – ignorância espiritual e intelectual
36. O conhecimento e a ignorância se apresentam, de acordo com o ensinamento de Śiva, em duas formas distintas: uma espiritual (paurusha) e a outra intelectual (bauddha). 37-38. A ignorância espiritual é o que se chama de impureza (mala). Surgindo da mente, ela é o véu que oculta nossa própria natureza divina, que é atividade…
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Abhinavagupta (AGHinos:25-26) – Quinze Estanças sobre a Consciência
1-2. Aquele cuja essência é o imutável1 Luz de toda luz e de toda escuridão, em quem a luz e a escuridão habitam, é o próprio Soberano, a natureza inata de todos os seres; a multidão de coisas2 nada mais é do que sua energia soberana. 3. E a energia não surge3 não como separada…
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Pati Mishra (KPM2006) – alma e conhecimento
O Xivaísmo da Caxemira, a tradição filosófica de Abhinavagupta, é um sistema filosófico não dualista de tradição tântrica ou agâmica. Esse sistema defende a existência apenas da consciência. Não aceita a existência independente da matéria (jaḍa). De acordo com esse sistema, a consciência se manifesta nas várias formas de seres individuais e na matéria (jaḍa)…
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Abhinavagupta (AGLT:106-110) – vias da liberação
140 Enquanto o Onipresente manifesta Sua própria essência em sua plenitude a alguns sujeitos conscientes, Ele a manifesta gradualmente a outros. 141. A manifestação de Sua essência, que é a realidade imanente em todas as coisas, é o conhecimento supremo para os seres limitados. Todos os outros conhecimentos são inferiores a ele e têm muitos…
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Hulin (PEPIC:286-287) – atividade de pensamento
Tr. Antonio Carneiro Para que se tenha atividade de pensamento — e não simples aparência de uma tal atividade — a primeira condição a preencher é a presença de um sujeito pensante, testemunho fixo das múltiplas ideações. O Trika parece assim de início a concordar com o Advaita na sua crítica da teoria budista do…
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Hulin (PEPIC:287-289) – infinito reconhecimento (vimarśa)
Uma das mais importantes kārikās de Utpaladeva proclama: “A essência da manifestação é o infinito reconhecimento (ressaisissement). Caso contrário, a mera luminosidade (da consciência), embora afetada por objetos, permaneceria não pensante, como o cristal, etc.”. A distinção crucial introduzida aqui — e que marca uma ruptura radical com o Advaita — é a de prakāśa,…
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Ratié (IRSA:Intro:III.4) – Paradoxo do Pratyabhijñā
A apreensão de minha identidade não é mero conhecimento (jñāna), mas um re-conhecimento (praty-abhijñā), porque o Si não é algo que começa a se manifestar no momento da descoberta de minha identidade real: aquele que parte em busca de sua própria identidade já está ciente de si mesmo. O status epistemológico do reconhecimento de si,…
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Ratié (IRSA:713-715) – liberdade (svātantrya) da consciência
Assim, essas (entidades) inertes, que em si mesmas são quase inexistentes (asatkalpa), existem apenas na medida em que pertencem à manifestação (prakāśa). Somente a manifestação do Si (svātman) existe, nas várias formas de seres (sva) e outros (para). (Abhinavagupta) Para falar como Abhinavagupta, o verso parece conter em “germe” (garbha) todos os problemas filosóficos formulados…
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Abhinavagupta (AGHinos:67-69) – Doze estanças sobre a realidade suprema
1. Saboreie sempre a paz e abstenha-se da tagarelice perpétua de palavras vazias e sem sentido, evitando o “quem é você, por que, como, o que é isso” que atravanca o caminho. O que se revela (então) como a luz (iluminando) as distinções entre existência e não-existência é o modo de ser sem fissura, o…