Corpo de Ressurreição

CORPO DE RESSURREIÇÃO

VIDE: CORPO GLORIOSO; GLÓRIA; RESSURREIÇÃO; IMORTALIDADE
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Orígenes:
Segundo o estudo de G.R. Mead, uma carta de Jerônimo, esboça elementos do pensamento de Orígenes em um tratado perdido sobre a Ressurreição. Orígenes, Jerônimo nos diz, chamava àqueles que sustentavam a visão materialística “simplices”, “philosarcas” (“amantes-da-carne”), “innocentes et rusticos”, em grego naturalmente.

Orígenes, entretanto, era igualmente oposto a outra visão extrema a qual, ele afirma, mantinha que o Corpo de Ressurreição era para ser de natureza puramente fantasmagórica — a teoria do “docetismo” extremo.

Esta, ele declara, era a visão de certo número de escolas gnósticas; embora duvidemos se possa honestamente afirmado tão cruamente. Em alguns respeitos estes gnósticos parece, ter mantido visões neste assunto muito similares àquelas de Orígenes ele mesmo.

O que, Orígenes começa por perguntar, é o uso, na ressurreição, de um corpo de carne, sangue, nervos e ossos, de membros e órgãos para as funções da carne, tais como comer e beber, excreção e procriação? Devemos continuar a fazer todas estas coisas pela eternidade?

A promessa é bem diferente. Nem a matéria nem a forma serão as mesmas.

Assim como oculto na semente da árvore está o princípio (ratio, logos) da árvore. Este é o poder formativo (virtus, dynamis) na semente, o princípio espermático, que simbolicamente é chamado em grego spintherismos.

Qual é o significado preciso deste último termo pode ser difícil de dizer, pois os léxicos silenciam. Literalmente, significa “emissão de centelhas”, “centelha” (v. Centelha Divina).

“Centelha de Luz”, ou “Emanação de Luz”, como é bem conhecido, é usado por certo número de escolas gnósticas como expressão simbólica para o “germe” do homem espiritual.

Por (Orígenes, entretanto, é usado geralmente como o princípio invisível da semente visível — aquilo que determina a natureza da semente visível.

Parece ser concebida com algo “substancial”; pois nela, no caso dos corpos humanos desenvolvidos deste fundamento germinal, é dito se herdar os princípios de ressurreição imemoriais.

É assemelhado à parte mais interior das plantas; e é chamado por Orígenes, no caso do homem, “viveiro” ou “semeadura” (seminarium) dos mortos; ou seja, o solo do qual eles se levantarão.

É a substância de muitas formas corporais para o homem, ou a essência da corporificação humana, e não só do corpo de carne.

O Corpo de Ressurreição, de acordo com Orígenes, é de natureza espiritual supernal. De fato, em outros escritos Orígenes a chama de “divina”.

Outro corpo, um espiritual e etéreo, nos é prometido — um corpo que não está sujeito ao toque físico, nem visto pelos olhos físicos, nem tem peso, e que deve ser metamorfoseado de acordo com a variedade de regiões nos quais deve estar…

“No corpo espiritual o todo de nós verá, o todo ouvirá, o todo serve como mãos, o todo como pés”.

Será uma mudança radical do Schema, ou plano, diz Orígenes citando Paulo Apóstolo.

Se as estórias do corpo ressurreto de Jesus sendo sensível ao toque e a comer alimentos são aqui objetadas, Orígenes replica que o Mestre assim fez aparecer a fim de fortalecer a fé dos discípulos que tinham dúvidas.

Deste tempo em diante a controvérsia se tornou mais e mais árdua.

Os escritores alexandrinos e os essenos não somente sustentam as visões mais espirituais da ressurreição, mas também que, ao invés de esperar a ressurreição no Sheol (Hades), “a entrada do espírito reto em uma bendita imortalidade deve seguir-se à morte imediatamente”.

A doutrina do Corpo de Glória é a doutrina de Paulo Apóstolo. Foi sem dúvida confirmada nele por sua própria experiência em sua visão do Mestre.

Sabemos quão fortemente oposto Paulo era à doutrina “segundo à carne”. Ele mesmo não fez nenhuma tentativa para “harmonizar” ele mesmo com ela.

A doutrina de Paulo Apóstolo quanto ao Corpo de Ressurreição é assim sumarizada:

Este corpo presente é psíquico como um órgão da psique ou “alma”, assim como o corpo espiritual ou “ascendido” é um órgão do espírito.

Assim como o corpo físico é corruptível, e vestido com humilhação e fraqueza, o corpo espiritual desfrutará incorruptibilidade, honra e poder.

Assim entre os corpos não há exata continuidade, A existência de um depende da morte de outro.

No entanto não há semelhança essencial entre eles. A semelhança essencial procede do fato que são sucessivas expressões da mesma personalidade, embora em diferentes esferas. É o mesmo princípio vital individual que organiza ambos.

Perenialistas – Referências