Existe na parábola do grão de mostarda, um ponto que exige explicação: a semente, ao se desenvolver, torna-se uma árvore, e sabemos que a árvore é, em todas as tradições, um dos principais símbolos do “Eixo do Mundo”. Essa significação ajusta-se perfeitamente: a semente é o centro; a árvore que dela sai é o eixo, proveniente desse centro, e, através de todos os mundos, ela estende seus ramos, sobre os quais vêm pousar as “aves do céu” que, como em certos textos hindus, representam os estados superiores do ser. Esse eixo invariável, de fato, é o “suporte divino” de toda existência; ele é, como ensinam as doutrinas extremo-orientais, a direção segundo a qual se exerce a “Atividade do Céu”, o lugar da manifestação da “Vontade do Céu”. [Guénon]
Tudo o que está situado no eixo, em seus diversos níveis, pode ser visto, de uma certa forma, como representativo das diferentes situações de uma única e mesma coisa, situações estas que se relacionam às diferentes condições de um ser ou de um mundo, segundo se coloque do ponto de vista “microcósmico” ou “macrocósmico”. E, nesse sentido, indicaremos apenas, a título de aplicação ao ser humano, que as relações no simbolismo construtivo da “pedra fundamental” do centro com a “pedra angular” do topo tem algo a ver com o que dizemos sobre as diferentes “localizações” do luz ou do “núcleo” da imortalidade. Tal relação com o luz é aliás sugerida claramente pelos paralelos com Betel e com o “terceiro olho”. [Guénon]
Seja o eixo figurado materialmente sob a forma de árvore ou de pilar central, ou seja representado pela chama que se eleva e pela “coluna de fumaça” de Agni no caso em que o centro do edifício está ocupado pelo altar ou pelo lar, ele sempre termina exatamente no topo do domo e, às vezes, como já assinalamos, até mesmo o atravessa e prolonga-se em forma de mastro, ou como o cabo do guarda-sol em outro exemplo cujo simbolismo é equivalente. É aqui visível que o topo do domo identifica-se ao cubo da roda celeste do “carro cósmico”. [Guénon]