O termo “esoterismo” só aparece na Europa em meados do século XIX, sendo um “ocultista”, Eliphas Lévi, seu criador. Até então expressões como “philosophia perennis” ou “philosophia occulta” eram utilizadas neste sentido, mais ou menos; o que implicou em distinções entre “ocultismo” e “esoterismo”, a seguir.
Para Antoine Faivre foi a reação iniciada na Renascença contra a ciência moderna ainda incipiente, secularizando o cosmos, adotando uma aristotelismo formal e rejeitando a crença em relações vivas entre Deus, mundo e homem, que deu início às correntes esotéricas modernas.
O sentido restrito do termo “esoterismo” se fundamenta sobre a etimologia grega: “eso-thodos”, método ou caminho para o interior (eisotheo = eu faço entrar). Por se tratar de um movimento visando o entrar em si mesmo, é por vezes chamado de “interiorismo”, que passa por uma gnose, um conhecimento para alcançar uma forma de iluminação e de salvação individual. Este conhecimento ou gnose das relações nos unindo a Deus e ao mundo divino, é também um conhecimento dos mistérios inerentes a Deus, sendo neste caso tratado pela Theosophia.
Para alcançar este conhecimento o indivíduo deve entrar em si mesmo, não em uma modalidade unicamente intimista que negligencie o entrar ao mesmo tempo em ressonância com o mundo e Deus além da pura introspecção. Este entrar em si mesmo segue um processo “iniciático” (initium) cujos passos são balizados por intermediários, sejam estados de ser (trevas interiores) ou entidades angélicas (animae coelestes), mais ou menos numerosas, mais ou menos personalizadas, mas que nos são de algum modo conaturais.
O termo esoterismo, enquanto “conhecimento secreto” ou “ciência secreta”, reservada a uma elite e submetida à disciplina do “arcano” guardou este sentido até nossos dias, compartilhando este sentido com a designação de um tipo de conhecimento ou experiência remetendo a um “lugar”, a um “centro” espiritual — dito esotérico —situado no fundo do Ser e, por conseguinte, reunindo os meios, as técnicas, destinados a alcançar este centro.
Na segunda metade do século XIX, o uso se intensificou nos países de língua inglesa, em representantes de certas formas de espiritualidade, cunhado seja como “esoterism” entendido nas duas acepções acima descritas, e “esotericism”, entendido no sentido considerado por Antoine Faivre: um vasto conjunto de correntes e a forma de pensamento que eles exprimem; deste modo o campo do “esoterism” é um dos campos do “esotericism”. (Antoine Faivre, Accès de l’ésotérismo occidental [AEO1])